Seleções africanas de futebol feminino vão em busca de medalha inédita nas Olimpíadas
Algumas seleções do continente estão vivendo sua fase de melhor desempenho
Por Mayhan Araujo e André Borghi
Apesar do futebol estar presente oficialmente nos Jogos Olímpicos desde 1900, em Paris, apenas no ano de 1996, em Atlanta, aconteceu uma competição feminina nas Olimpíadas, cinco anos após a primeira Copa do Mundo disputada por mulheres. De lá para cá, ocorreram sete edições, com domínio de países da América do Norte e da Europa – quatro títulos dos Estados Unidos, um da Noruega, um da Alemanha e um do Canadá.
O continente africano só passou a ser representado em 2000, nas Olimpíadas de Sydney, com a participação da Nigéria, que caiu na fase de grupos, com três derrotas em três partidas disputadas e a pior campanha do torneio. As nigerianas se fizeram presentes em Atenas (2004) e Pequim (2008), também com eliminações na primeira fase do torneio. O fracasso precoce de seleções africanas se repetiu seguidamente, em Londres (2012), com Camarões e África do Sul; Rio de Janeiro (2016) – com África do Sul e Zimbabwe; e Tokyo 2020 (realizada em 2021, devido à pandemia da Covid-19), com a Zâmbia.
Nos Jogos Olímpicos Paris 2024, Zâmbia e Nigéria vão em busca de um lugar na história: classificar uma seleção africana para o mata-mata e garantir a primeira medalha feminina de futebol da África em Olimpíadas.
A Zâmbia, comandada por Bruce Mwape, terá pela frente Austrália (que também busca medalha inédita), Estados Unidos (recordista de medalhas, com quatro de ouro, uma de prata e uma de bronze – seis, no total) e Alemanha, que acumula, além do ouro, três bronzes. Já a Nigéria, treinada pelo estadunidense Randy Waldrum, enfrentará Brasil (detentor de duas medalhas de prata), Japão (dono de um vice-campeonato em Londres 2012) e Espanha, que nunca esteve no pódio.
No continente africano, a principal competição de futebol feminino é a Copa das Nações Africanas Feminina. Organizada pela Confederação Africana de Futebol, sua primeira edição aconteceu em 1991, mas apenas em 1998 passou a acontecer de dois em dois anos. Começou com quatro seleções, sendo Nigéria, Gana, Guiné e Camarões, mas passou a crescer e, em 2022, contou com a participação de 12 equipes. A maior campeã é a Nigéria, com 11 títulos.
Na última Copa do Mundo (2023), realizada na Austrália e Nova Zelândia, um fato marcante aconteceu: pela primeira vez na história, três – das quatro que disputaram – seleções africanas (Marrocos, África do Sul e Nigéria) se classificaram para o mata-mata da competição. Além disso, essas equipes, juntamente com a Zâmbia, bateram o recorde de aproveitamento na fase de grupos, com 18 pontos somados, nove a mais que em 2019 – até então, a maior pontuação.