Seca no Amazonas deixa comunidades sem água potável e faz subir preços de alimentos
Valor de passagens e tempo de viagem aumentou de Alvarães para Tefé, de R$ 30,00 para 15 minutos, virou R$ 80,00, para 1h10
Condições difíceis de navegabilidade, isolamento de estudantes, falta de água potável e alta de preços de produtos, principalmente, de alimentos. Essas são situações vividas por comunidades de municípios do Amazonas, que têm sido impactados pela seca dos rios.
Reportagem do site Amazonas Atual buscou explicação de especialista para entender porque severa estiagem tem atingido a região. O geólogo Naziano Pantoja Filizola Júnior, especialista em Hidrologia da Amazônia disse que a situação remonta a primavera de 2020.
“O período de 2020 a 2022 está sendo caracterizado por três ocorrências de La Niña consecutivas. Em geral, e muitos trabalhos científicos dão conta disso, a ocorrência de eventos climáticos desse tipo estão relacionadas a uma tendência de estiagem na porção mais a oeste da Amazônia e às vezes no Sudoeste também”, afirmou.
Não é possível estimar a duração da estiagem, mas a tendência é que moradores de áreas afetadas vão ficar muito tempo sem ver água nos lagos e paranás.
Em Tefé, a 532 km de Manaus e no centro do estado, a água desapareceu da orla e de bairros com acesso pelo rio e por isso, aulas tiveram que ser suspensas e além disso, abastecimento de alimentos é precário.
No dia 11 de outubro foi decretada Situação de Emergência e municípios vizinhos, como Alvarães e Uarini, também sentem os efeitos da vazante.
O coordenador da Defesa Civil de Tefé, Edvilson Braga disse o município encontra-se em situação alarmante devido à seca nessas regiões, especificamente em regiões banhadas pelo rio Solimões, rio Tefé e lagos “onde se encontrar uma grande parte das nossas comunidades ribeirinhas isoladas”.
Indígenas da aldeia Porto Praia também tem estão sem água potável, pois produtos demoram a chegar. E quando chegam, o preço é “salgado”. O professor de Geografia da rede pública de Tefé, Ricardo Meza, explicou à reportagem que como as embarcações não conseguem chegar às cidades, há um aumento de preços para cobrir o trajeto e assim, principalmente os gêneros alimentícios estão mais caros.
A cidade de Tefé exerce influência econômica sobre municípios vizinhos como Alvarães, Uarini, Fonte Boa, Maraã, Jutaí, Carauari, Eirunepé, São Paulo de Olivença, Santo Antônio do Içá e Tabatinga.
Em Uarini, agora os moradores têm tido que caminhar 3,5 km a pé, moto ou carro para chegar ao porto. Os trajetos estão ficando ainda mais demorados, como em Alvarães. Para fazer o percurso até Tefé – que antes demorava 15 minutos e custava R$ 30,00 – agora os passageiros têm que desembolsar a quantia de R$ 80,00 para a viagem que está durando cerca de 1h e 10 minutos.