Em julho de 2024, o Rio Madeira alcançou níveis mínimos históricos, com uma marca preocupante de 2,45 metros no último dia do mês. Esse é o nível mais baixo já registrado para julho desde o início do monitoramento pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), há 57 anos. A estiagem severa tem sido a principal causa desse fenômeno, agravada pela falta de chuvas significativas em Porto Velho, que registrou apenas 3,4 mm de precipitação no mês de julho, conforme informações do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).

O Rio Madeira, um dos maiores do mundo, atravessa Brasil, Bolívia e Peru. Normalmente, os níveis de água nessa época do ano deveriam estar em torno de 5,50 metros, mas a atual medição está cerca de 3 metros abaixo do esperado.

A situação crítica é evidente em Porto Velho, que declarou estado de emergência devido à seca extrema. Historicamente, os meses de outubro e novembro são os períodos mais secos, mas as previsões indicam que a seca deste ano poderá ser ainda mais severa, com níveis críticos sendo registrados já em novembro de 2023. Bancos de areia e montanhas de pedras estão emergindo onde antes era apenas água, criando um cenário desolador.

A crise hídrica também afeta comunidades locais. No Baixo Madeira, famílias enfrentam a escassez de água limpa após a secagem do único poço da região.

A seca também tem implicações significativas para a geração de energia. O Rio Madeira abriga duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil, Jirau e Santo Antônio, que juntas representam cerca de 7% da capacidade do sistema elétrico nacional. A Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) já considerou a possibilidade de paralisação da usina de Santo Antônio devido à baixa vazão, que compromete o funcionamento das turbinas. A hidrelétrica de Jirau possui uma maior flexibilidade operacional, mas a situação ainda é crítica.

Além do impacto nas usinas, a seca afeta outros rios na região de Rondônia, com sete apresentando níveis abaixo da cota média e próximos da mínima histórica.