Durante a programação da 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, centenas de filmes foram exibidos, em seus mais diferentes formatos, gêneros e temáticas. Trazendo uma abordagem que abre possibilidades para o amor e esperança a pessoas que historicamente foram cerceadas dos mesmos sentimentos, o curta-metragem “Se Trans For Mar” marcou presença no evento, sendo exibido em praça pública no dia 23 de janeiro. O filme, que tem direção e roteiro de Cibele Appes, fez parte da Mostra Curta da Praça, uma seleção de filmes que foram apresentados no Cine-Praça, um espaço democrático, de celebração ao cinema e acesso à cultura.

“É uma honra estar participando dessa mostra, depois desses anos de desgoverno e pandemia, em que a gente não estava conseguindo ter os festivais e mostras presenciais, essa troca com o público, acho super rico a gente conhecer mais como o cinema está articulado com os realizadores jovens e periféricos”, diz Cibele. “Conversei com muita gente de territórios diferentes e eu acho que isso me enriqueceu muito e acho que é fundamental que a gente possa se encontrar e que tenham mais espaços como esse (…) Eu espero que a gente possa ter um cinema mais plural, mais diverso que a gente possa ver corpos dissidentes, ocupando esse espaço que é uma ferramenta de transformação e de luta”, completa.

Sobre seu filme, Cibele Appes destaca a importância do formato em curta-metragem, como um lugar de experimentação: “Acho que a gente precisa fomentar essa janela, esse formato, acho que ele por si só já é muito interessante, então a gente tem que fazer as pessoas se encantarem pelo curta também”, defende.

Gravado em Santos, no litoral de São Paulo – sua cidade natal -, “Se Trans For Mar” tem a incrível Renata Carvalho (“Os Primeiros Soldados”, “Vento Seco”) no elenco. Segundo a sinopse oficial do filme: “No mar, Iara derrama o passado e os pensamentos que insistem em assombrá-la. Quando uma paixão balança sua vida, ela descobre que o amor romântico também pode ser um lugar possível para ela”.

“Foi muito incrível poder voltar e filmar nos territórios onde eu cresci, onde tenho raízes, onde conheço pessoas que fizeram teatro comigo. A Renata é um expoente, um farol, uma atriz travesti que está ganhando os palcos e os cinemas do mundo e a gente estava juntas desde o começo. Foi uma consagração da nossa amizade, da gente poder criar uma narrativa para imaginar e sonhar possibilidades de existência para além da resistência”, conta a diretora.

Cibele também ressalta a importância em trazer novas abordagens sobre corpos invisibilizados pela sociedade:

“Ter afeto, amor, rede de apoio, a possibilidade de um amor romântico, um momento de beijo com uma travesti, isso é revolucionário também. A gente poder virar um pouco a chave, de não criar apenas as narrativas viciadas, que sempre acabam colocando esses corpos em lugares de violencia”, afirma.

Além de Renata Carvalho, o elenco conta com Priscila Ribeiro, Míriam Vieira, Ana Maria Linx, Paula Matta, Fabiano di Melo, Thays Villar, Alê Almeida, João Paulo Pires e Vênuz Capel.

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