Por Mauro Utida

Investigação preliminar do Ministério Público de Santa Catarina, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), avaliou que não há evidências de prática de crime nos gestos que se assemelham à saudação nazista por manifestantes bolsonaristas que realizavam um ato contra o resultado das eleições na cidade do oeste catarinense, na última quarta-feira (2).

Segundo o órgão responsável pela elaboração do relatório que será enviado à 40ª Promotoria de Justiça da Capital, para aprofundamento das investigações, “não houve intenção de apologia ao nazismo em um gesto feito em um ato na cidade contra o resultado das eleições presidenciais”. O ato aconteceu na quarta-feira (2) em frente ao 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, base do Exército na cidade.

Um vídeo que se espalhou pelas redes mostra centenas de pessoas vestidas de verde e amarelo em via pública, na BR-163, cantando o Hino Nacional e com as mãos estendidas em direção a um tanque de guerra na entrada da base militar. O registro gerou muita crítica e repúdio.

 

https://twitter.com/felipeneto/status/1587838030701907968

 

O gesto que é uma espécie de reverência e saudação configura apologia ao nazismo e é considerado crime no Brasil (Lei 7.716/89). A investigação do Ministério Público de Santa Catarina identificou manifestantes, analisou imagens e ouviu testemunhas. Apesar de entender que não houve apologia ao nazismo, o MP afirmou que a “atitude é absolutamente incompatível com o respeito exigido durante a execução do hino nacional e poder gerar alguma responsabilidade”, informou em nota divulgada no site do MP-SP.

Segundo apuração do Gaeco, “o gesto foi feito pelos manifestantes após serem conclamados pelo locutor do evento, empresário local, a estenderem a mão sobre o ombro da pessoa a sua frente ou, se não houvesse, para que estendessem o braço, a fim de ‘emanar energias positivas'”.

Repúdio ao gesto

O governo da Alemanha emitiu uma declaração de repúdio diante das cenas de gestos nazistas por parte de manifestantes bolsonaristas. Nas redes sociais, o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, escreveu que “o uso de símbolos nazistas e fascistas por “manifestantes” claramente de extrema direita é profundamente chocante”. “Apologia ao nazismo é crime”, insistiu. “Esse gesto desrespeita a memória das vítimas do nazismo e os horrores causados por ele”, completou.

Nas redes sociais, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) reproduziu nota oficial repudiando os atos nazistas em São Miguel do Oeste e pedindo investigação sobre o caso.

“A sociedade brasileira não pode tolerar posturas como essa. Fazer esse gesto vestindo camisa da seleção brasileira é também uma ofensa às nossas Forças Armadas, que lutaram bravamente contra as forças nazistas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial”, diz o comunicado.

O Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil divulgou uma nota que repudia as demonstrações neonazistas ocorridas em Santa Catarina, em manifestação contra o resultado das eleições.

“Nazismo é morte, extermínio, discriminação, negação do direito à vida. Num país democrático, não podemos tolerar que símbolos, gestos e ideias de uma das fases mais terríveis da humanidade sejam utilizados. Sabemos para onde isso nos leva. É uma questão de sobrevivência humana reprimir e debelar o antissemitismo, o neonazismo, o neofascismo, o racismo, a lgbtfobia, a xenofobia e todas as demais formas de negação da humanidade do outro”, declarou.

Com informações do g1

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