Por Juliane Castro e Larissa Breder

Definir Sarina Wiegman apenas através de suas realizações como treinadora seria subestimar a característica mais essencial que a define: sua humanidade e empatia. Mas afinal, quem é Sarina Wiegman?

Originária de Haia, na Holanda, Sarina trilhou seu caminho no futebol nas ruas de sua cidade natal, jogando ao lado de seu irmão gêmeo. Como muitas atletas de sua época, iniciou sua jornada enfrentando os desafios de se destacar em times masculinos antes de encontrar espaço em equipes femininas com melhores estruturas. Essa trajetória não apenas forjou sua habilidade no campo, mas também moldou sua perseverança, já que ela precisava conciliar o futebol profissional com um segundo emprego.

Sarina, conhecida por suas colegas como uma competidora incansável e dedicada, mostrava uma liderança silenciosa, preferindo agir com exemplos do que ser vocal. A maior parte de sua carreira como jogadora foi dedicada à Holanda, com um breve mas notável período na Universidade da Carolina do Norte, onde conquistou o título nacional universitário em 1989. Após esse sucesso, retornou à Holanda, onde continuou a jogar até 2003, dividindo seu tempo entre o futebol e o ensino de Educação Física.

Em 2003, Wiegman ingressou na carreira de treinadora de futebol, passando por times holandeses como o Ter Leede e o Ado Den Haag, acumulando títulos de campeonatos nacionais e divisões de honra. Sua entrada na seleção holandesa como assistente técnica marcou o início de sua notável jornada como treinadora. Com sua licença UEFA Pro obtida em 2016, ela se tornou a primeira mulher a liderar uma equipe masculina no campeonato holandês, demonstrando sua capacidade de liderança diversificada.

Sarina Wiegman assumiu oficialmente o comando da seleção feminina holandesa em um período crítico, apenas seis meses antes de conquistar o título da Eurocopa em 2017. Sua trajetória culminou na final da Copa do Mundo de 2019, consolidando sua reputação como uma treinadora excepcional. Sua habilidade de transformar equipes em vencedoras em curtos períodos de tempo levanta questionamentos: qual é o seu diferencial?

Esse mesmo padrão se repetiu quando ela assumiu o comando da seleção inglesa em 2021, liderando a equipe para sua primeira vitória em uma grande competição internacional desde 1966. Sua capacidade de criar transformações positivas em diferentes cenários levanta a pergunta: o que a torna singular?

 

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O segredo reside em sua abordagem humana e empática. Suas atletas e ex-comandadas exaltam sua liderança calma, clara e direta. Ela valoriza a comunicação aberta, incentivando conversas individuais e mantendo um relacionamento próximo com cada jogadora. Sua própria trajetória similar às de suas atletas a ajuda a compreender suas lutas e desafios, estabelecendo uma base sólida para uma comunicação eficaz.

Wiegman acredita em suas atletas e as prepara para diferentes cenários de jogo, garantindo que cada uma saiba exatamente o que é esperado dela. Sua equipe confia nela porque ela oferece soluções para cada situação, criando um ambiente de confiança mútua.

A treinadora fez um trabalho digno de aplausos pela equipe Holandesa em 2019, conquistando o vice do Mundial. Somado a isso, coleciona prêmios individuais importantes na carreira, três deles, de melhor treinadora do mundo pela Fifa nos anos de 2017, 2020 e 2022. Pela equipe Holandesa conquistou uma Eurocopa e chegou a final do mundial, o mesmo se repete com a Inglaterra, que busca seu título inédito na competição ao comando de Wiegman. O sucesso de Sarina é demonstrado no seu árduo trabalho a 2 anos à frente das Lionesses, somando a bagatela de 30 vitórias, 7 empates e apenas 1 derrota.

O legado de Sarina Wiegman é moldado por sua abordagem tática sólida e sua resiliência inabalável, características refletidas em suas equipes. Ao olhar além dos números, é evidente que seu poder de transformar jogadoras em campeãs reside na sua habilidade de se conectar com cada atleta, de entender suas jornadas e de cultivar uma cultura de confiança e unidade. E assim, a essência de Sarina Wiegman transcende os títulos, permanecendo como um exemplo inspirador de liderança empática no mundo esportivo.

Com informações de The Athletic, Sky Sports, Wales, Sporting News, The Independent, The Mirror e One Football

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube