São Paulo: Mortes cometidas por policiais militares aumentam 86% no governo Tarcísio
Dados se referem ao primeiro semestre de 2024. Governo de São Paulo nega crescimento da letalidade policial
No primeiro trimestre deste ano, o estado de São Paulo registrou um aumento de 86% de mortes provocadas por ação policial, em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do Ministério Público Estadual. O levantamento foi realizado pela GloboNews.
Os números revelam um salto significativo, passando de 106 para 197 mortes durante o período analisado. O aumento no número de mortes em confronto levanta preocupações sobre as práticas de policiamento e a necessidade de revisão das estratégias de segurança pública, mas também evidencia os abusos e execuções cometidos por policiais militares, inclusive com relatos de assassinatos de pessoas desarmadas.
A Baixada Santista, em particular, foi identificada como uma área onde o aumento das mortes cometidas por policiais militares foi especialmente significativo. Desde dezembro, com a Operação Verão, a região tem enfrentado um aumento na letalidade, com um aumento de 427% nas mortes durante o primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Segundo relatos à Ouvidoria das polícias no estado, corpos de pessoas mortas em supostos confrontos com PMs durante a Operação Verão, estão sendo levados como vivos para hospitais da região. Dessa forma, seria evitada a perícia no local, e uma oportunidade para que os PMs alterem a cena dos crimes.
Segundo os dados do Gaesp, nas nove cidades que compõem a Baixada Santista, as mortes cometidas por PMs entre janeiro e março saltaram de 15 para 79 entre 2023 e 2024.
Além disso, casos específicos de letalidade policial têm chamado a atenção, como o assassinato do cabo Rahoney de Paula Vieira, de 31 anos, que foi baleado e morto por colegas de serviço enquanto estava de folga, na Vila Andrade, na Zona Sul de São Paulo. O PM morto fazia parte do Centro de Operações Especiais (COE), batalhão especial da polícia.
Segundo boletim de ocorrência, os agentes Bruno Henrique Matielo e Gildo Aparecido Amorim estavam em uma ronda na região quando avistaram um homem de capacete apontando a arma para um carro e interpretaram a situação como um assalto. O PM Bruno Matielo atirou e acertou sete disparos no então suspeito.
Após ser baleado, o homem se identificou como Rahoney de Paula Vieira, de 31 anos, cabo da Polícia Militar. Ao reconhecer a vítima, o policial Gildo Amorim notou que ambos haviam trabalhado juntos no mesmo batalhão oito anos antes. Bruno e Gildo usavam câmeras corporais.
Enquanto isso, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e o próprio governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, negam que exista um aumento da letalidade policial. O governo de São Paulo foi denunciado na Organização das Nações Unidas por permitir que abusos estejam sendo cometidos.