Ricardo Capelli, ministro-interino do GSI, diz que vai investigar atuação de general Heleno no 8/1
Ministro está convencido de que investigação poderá apontar ligação de braço forte de Bolsonaro nos atos golpistas
O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional, Ricardo Capelli, reiterou a responsabilização ao ex-ministro da pasta, general bolsonarista Augusto Heleno, pelos atos terroristas contra as sedes dos Três Poderes. Para Capelli, o “desaparecimento” de Heleno é suspeito, como destacou em entrevista ao Congresso Em Foco.
“Ele desapareceu. Acho que quem se esconde teme a verdade, essa é minha opinião. O general Heleno está escondido. Onde? Quem consegue falar com ele? Todo dia recebo jornalistas que dizem que ele não recebe ninguém, não fala com ninguém. Por que o general Heleno se escondeu? Cadê a valentia dele?”.
Ao ser questionado se o fato do ‘desaparecimento’ de Heleno pode ser um indício de que ele teve alguma participação nos atos de 8 de janeiro, o ministro afirmou que ‘muito possivelmente’.
Ele estende a crítica aos outros dois generais quatro estrelas que integravam o comando político do bolsonarismo: Walter Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente da República na chapa de Bolsonaro, e Luiz Eduardo Ramos, que encerrou a gestão anterior como secretário-geral da Presidência da República, após ter servido ao ex-presidente como secretário de governo e ministro da Casa Civil.
O general Heleno "pilotou o carro" por 4 anos e entregou o "veículo" avariado e contaminado para o general G.Dias, que pilotou por apenas 6 dias. No 7° dia o carro pifou. De quem é a culpa? Não é possível falsificar a história. Conspiração não passa recibo.
— Ricardo Cappelli (@RicardoCappelli) April 24, 2023
Em um comentário, Capelli afirmou que “o general Heleno ‘pilotou o carro’ por 4 anos e entregou o ‘veículo’ avariado e contaminado para o general G. Dias, que pilotou por apenas 6 dias. No 7° dia o carro pifou. De quem é a culpa? Não é possível falsificar a história. Conspiração não passa recibo”, disse.
Na semana anterior, o ministro interino havia revelado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou uma rápida despolitização do GSI.
“A principal demanda do presidente foi acelerar a renovação [substituição de membros do gabinete], isso já está em andamento”, disse Capelli à Folha de S. Paulo.
“[Isso significa] despolitizar, ou seja, ter um corpo técnico mais profissional aqui que possa executar o trabalho”, acrescentou.
O GSI tem como principal atividade auxiliar diretamente o presidente da República no desempenho de suas atribuições, especialmente em questões militares e de segurança.
Ainda dentro de suas competências estão a análise e o acompanhamento de assuntos com potencial de risco, a prevenção de ocorrências de crises e a articulação do gerenciamento no caso de grave e iminente ameaça à estabilidade institucional.
É diretamente responsável pela segurança pessoal do presidente e do vice-presidente, de seus familiares, bem como dos palácios presidenciais e das residências oficiais. Também planeja e coordena as seguintes áreas:
- Os eventos no país em que haja a presença do presidente da República, em articulação com o Gabinete Pessoal, e no exterior, em articulação com o Ministério das Relações Exteriores;
- Os deslocamentos presidenciais no país e no exterior, nesta última hipótese em articulação com o Ministério das Relações Exteriores;
- Acompanhamento de assuntos relativos ao terrorismo e às ações destinadas à sua prevenção e à sua neutralização e intercambiar subsídios com outros órgãos para a avaliação de risco de ameaça terrorista;
- Acompanhar assuntos pertinentes às infraestruturas críticas, com prioridade aos relacionados à avaliação de riscos.