Por: Ruan Nascimento

Há três anos nos Jogos Olímpicos de Tóquio, os atletas do Brasil fizeram história. Ao todo foram conquistadas 21 medalhas sendo sete de ouro, seis de prata e oito de bronze, superando o desempenho alcançado nos Jogos do Rio de Janeiro em 2016, quando a delegação brasileira subiu ao pódio 19 vezes. Um recorde de sucesso em Olimpíadas!

Faltando apenas um dia para o início das Olimpíadas de Paris 2024, o Ninja Esporte Clube relembra quais foram os atletas e equipes que se destacaram no Japão em 2021. Muitos dos nossos medalhistas estarão novamente nos Jogos Olímpicos, podendo repetir grandes feitos na capital da França. Veja abaixo:

Medalhas de ouro

Italo Ferreira – surfe masculino

Foto: Olivier Morin/AFP

Os Jogos de Tóquio foram os primeiros com provas de surfe. Na praia de Tsurigasaki a “Brazilian Storm” proporcionou a primeira medalha do Brasil na modalidade e logo sendo a de ouro, com o potiguar Italo Ferreira, que na final bateu o japonês Kanoa Igarashi conquistando 15.14 pontos (contra 6.60)de Igarashi, após o drama de ter a sua prancha quebrada no início da bateria final. 

O campeão olímpico ressaltou sobre o quanto se dedicou com muitos treinos para alcançar o degrau mais alto do pódio:

 “Meu intuito é ajudar as pessoas e as famílias. Eu queria que a minha avó estivesse viva para ver isso. Sou muito feliz pelo que me tornei, pelo que fiz pelos meus pais. Sempre pedi para que esse sonho fosse realizado e ele aconteceu”, disse Ítalo, em entrevista ao ge

Italo não se classificou nesta edição, mas o Brasil estará bem representado na modalidade com seis atletas que disputarão a medalha na praia de Teahupoo, no Taiti.

Estarão presentes os surfistas Gabriel Medina, João Chianca e Filipe Toledo. Tatiana Weston-Webb, Luana Silva e Tainá Hinckel.

Rebeca Andrade – ginástica artística feminina

Foto: REUTERS/Lindsey Wasson

A ginasta Rebeca Andrade fez história em Tóquio conquistando duas medalhas: Prata no individual de salto. E Ouro, após alcançar a média de 15.100 em dois saltos de grande dificuldade. 

Rebeca se tornou a primeira mulher a ser campeã olímpica na ginástica, eternizando o seu nome na história do esporte no Brasil: 

“Estou bastante feliz, não sei o que dizer. Os saltos não saíram bem como eu queria, mas isso é da ginástica. Foi bom ter saltado em terceiro na ordem, para não perder o aquecimento. Me senti firme mesmo, leve, me diverti hoje”, disse Rebeca em entrevista ao Sportv, e reproduzida no site dos Jogos Olímpicos

Em Paris, Rebeca tem presença garantida e é favorita para conquistar mais medalhas, seguindo sua brilhante carreira na modalidade.

Martine Grael e Kahena Kunze – vela feminina

Foto: Jonne Roriz/COB

A dupla Martine Grael e Kahena Kunze conquistou no Japão o bicampeonato na classe 49er FX, após também terem o título olímpico na Rio 2016. A conquista do ouro veio em uma disputa emocionante na Regata final em que superaram as duplas rivais da Alemanha e Holanda durante a prova decisiva. 

As velejadoras continuam alcançando grandes resultados e estarão competindo juntas em Paris, na busca por um inédito tricampeonato olímpico na categoria. 

Ana Marcela Cunha – maratona aquática feminina

Foto: Júlio Cesar Guimarães/COB

Considerada uma das maiores nadadoras de águas abertas, Ana Marcela Cunha chegou aos Jogos de Tóquio em busca de sua primeira medalha olímpica. Em uma prova longa, Ana Marcela não tomou conhecimento das rivais, foram 10 quilômetros de braçadas com duas horas de duração, e alcançou a medalha de ouro pela primeira vez

Em Paris, Ana Marcela vem forte para tentar mais uma medalha. Ela continua como uma das grandes forças da modalidade. 

Isaquias Queiroz – canoagem de velocidade masculina

Foto: Reuters

Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro Isaquias Queiroz deixou um enorme cartão de visitas pela canoagem conquistando três medalhas sendo: duas de prata e uma de bronze. Em Tóquio, o atleta baiano tinha o objetivo de subir um degrau a mais no pódio e conquistar a medalha de ouro. O título olímpico veio na categoria C1 1000 metros, ao completar a prova em 4m04s008

Atualmente com quatro medalhas, Isaquias Queiroz tentará em Paris se tornar o brasileiro recordista de pódios olímpicos. Hoje quem lidera em marcas individuais na modalidade são os velejadores Torben Grael e Robert Scheidt, ambos com cinco medalhas.

Hebert Conceição – boxe masculino

Foto: Wander Roberto/COB

A medalha de ouro conquistada pelo boxeador Hebert Conceição foi uma das conquistas mais emocionantes de Tóquio. A final da categoria peso médio, contra o ucraniano Oleksandr Khyzhniak, foi dramática. Os dois primeiros rounds foram favoráveis ao adversário, tornando impossível para o brasileiro vencer por pontos. Mas ainda havia uma possibilidade de vitória. E ela veio de forma épica: com um nocaute derrubou o competidor da Ucrânia, e a disputa foi interrompida imediatamente pelo árbitro, para o delírio da torcida brasileira que acompanhou o combate durante a madrugada.

Em Paris, Hebert Conceição não defenderá o seu título, pois agora ele compete no boxe profissional, o que o impede da possibilidade de participar dos Jogos Olímpicos.

Futebol masculino

Foto: Phil Noble/Reuters

Em Tóquio, a seleção masculina de futebol conquistou o bicampeonato olímpico, após derrotar a Espanha por 2 a 1. A vitória coroou a grande campanha liderada por Richarlison, Claudinho, Matheus Cunha e Malcom, com quatro vitórias e dois empates. 

Passados três anos, o sucesso do time masculino de futebol obtido nas duas edições anteriores não se concretizou. A Seleção sub-23 não se classificou para os Jogos de Paris, e o futebol masculino nas Olimpíadas não terá a presença do Brasil.

Medalhas de prata

Kelvin Hoefler, skate street masculino

A primeira medalha conquistada pelo Brasil em Tóquio veio em uma modalidade que estreou naquela edição dos Jogos Olímpicos, o skate. O brasileiro Kelvin Hoefler desbancou favoritos e conquistou a medalha de prata ao somar 36,15 pontos na grande final, ficando apenas atrás do atleta japonês Yuto Horigami, que ficou com a medalha de ouro. 

Em Paris, Kelvin Hoefler será um dos representantes do street masculino, junto com Giovanni Vianna e Felipe Gustavo. O brasileiro virá forte para tentar conquistar a sua segunda medalha olímpica na carreira.

Rayssa Leal, skate street feminino

Foto: Wander Roberto/COB

Em terras japonesas, Rayssa Leal ganhou os corações dos brasileiros, ao conquistar uma histórica medalha de prata no skate street feminino com apenas 13 anos de idade, tornando-se a atleta mais jovem a alcançar um pódio olímpico. Rayssa tornou-se conhecida como Fadinha quando tinha 8 anos, ao viralizar nas redes sociais fazendo uma manobra de skate vestindo uma roupa de fada.

“Estou bem feliz de ser a mais jovem do skate dos Jogos do Brasil e de poder representar muito bem com 13 anos, isso é muito importante para todos nós”, disse a atleta após a conquista da medalha, em entrevista reproduzida pelo site dos Jogos Olímpicos

Em terras francesas, ela tentará conquistar a segunda medalha olímpica de sua carreira. Além de Rayssa Leal, o skate street feminino terá Pâmela Rosa e Gabriela Mazetto representando o Brasil. 

Rebeca Andrade, ginástica artística feminina

Foto: Jonne Roriz/COB

A medalha de prata conquistada pela ginasta Rebeca Andrade foi tão importante quanto o Ouro conquistado no salto. Ela ficou em segundo lugar no individual geral feminino, quando as ginastas competem em todos os aparelhos, se consolidando como uma das atletas mais completas do mundo na modalidade. 

Foi através de suas apresentações na categoria individual geral que Rebeca Andrade apresentou para o mundo o funk “Baile de Favela” durante sua apresentação solo. No total, a brasileira somou 57.298 pontos, ficando atrás somente da estadunidense Sunisa Lee, que conquistou 57.433. 

“Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui. Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes. Dificuldade sempre teremos, mas temos que ser fortes suficientes para passar por dia”, destacou Rebeca ao conquistar a medalha histórica.

Pedro Barros, skate park masculino

Foto: Reuters/Mike Blake

Pedro Barros é um dos grandes nomes da história do skate park, modalidade que também estreou nos Jogos Olímpicos de Tóquio.  Ele colocou o Brasil no pódio com uma excelente apresentação, com giros de 540 graus na pista montada para a competição, alcançando a nota de 86,14.

Em Paris, Pedro Barros tentará repetir sua ida ao pódio, e é um dos representantes do skate park, junto com Augusto Akio e Luigi Cini. 

Bia Ferreira, boxe feminino

Foto: Gaspar Nobrega/COB

Bia Ferreira lutou muito em Tóquio, com performance gigante em cada combate, chegando à decisão do boxe na categoria peso leve após vencer suas três lutas anteriores por decisão unânime dos árbitros. Na final, porém, acabou derrotada pela irlandesa Kelly Anne Harrington mas nada que apagasse o brilho de Bia Ferreira, que conquistou o melhor resultado do país para o boxe feminino.

O último ciclo olímpico foi de mais conquistas para Bia Ferreira, que em abril se tornou campeã mundial profissional

Em Paris, ela é favorita à medalha de ouro, e fará sua despedida do boxe olímpico, focando sua carreira totalmente no boxe profissional após os Jogos.

Vôlei feminino – Seja nas quadras ou na praia, o vôlei brasileiro é uma potência em Jogos Olímpicos. Porém, em Tóquio, a única medalha na modalidade veio de onde menos se esperava: o time feminino de vôlei, que não era considerado o favorito. A cada jogo, o time comandado por Fernanda Garay, Carol Gattaz e Rosamaria foi superando as adversárias chegando até a decisão de forma invicta. Porém, na final, o time brasileiro não jogou bem, e acabou derrotado por 3 sets a 0.

Três anos se passaram e aquela equipe que em Tóquio era considerada jovem, hoje é um time experiente e favorito à medalha de ouro. É muito importante ficarmos de olho nas meninas do Brasil. 

Medalhas de bronze

Daniel Cargnin, judô masculino

Foto: Breno Barros

O judô é um esporte que tradicionalmente traz muitas medalhas para o Brasil. E a primeira conquista foi com Daniel Cargnin que ficou com o bronze no peso meio-leve masculino. O judoca gaúcho conquistou a medalha após bater o atleta Baruch Shmailov de Israel, por waza-ari, na disputa pelo bronze. Ao longo da sua caminhada em Tóquio, Cargnin venceu três lutas, até ser derrotado na fase semifinal.

Em Paris, Cargnin estará novamente nos tatames, e tentará conquistar a segunda medalha de sua carreira. 

Fernando Scheffer, natação masculina

Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA

Após um desempenho decepcionante do Brasil na natação na Rio 2016 terminando aquela Olimpíada sem medalhas, em Tóquio foram duas medalhas conquistadas nas piscinas. A primeira delas foi com Fernando Scheffer, que conquistou uma histórica medalha de bronze na prova dos 200m livre. 

A conquista foi fruto de uma superação para o atleta do Rio Grande do Sul que, para não perder o ritmo durante a pandemia, passou a nadar em açudes, no período em que os clubes estavam fechados. 

Scheffer estará novamente em uma Olimpíada, sendo um dos nomes do Brasil na luta por uma medalha. 

Mayra Aguiar, judô feminino

Foto: Sergio Perez/Reuters

A judoca Mayra Aguiar fez história no Japão, ao conquistar a terceira medalha olímpica de sua carreira, se tornando a primeira a ganhar medalhas em três edições diferentes dos Jogos Olímpicos. Além de Tóquio, ela foi medalhista de bronze em Londres 2012 e na Rio 2016. 

A terceira medalha conquistada por Mayra Aguiar veio através de uma imobilização contra a sul-coreana Hyunji Yoon. Antes deste combate, ela fez outras três lutas, sendo duas vitórias e uma derrota. 

Neste ano, ela tentará em Paris a sua quarta medalha olímpica. 

Bruno Fratus, natação masculina

Foto: Jonne Roriz/Jonne Roriz/COB

Após chegar a duas finais olímpicas na prova dos 50m livre na natação, a experiência de Bruno Fratus o levou para o pódio pela primeira vez, terminando com a medalha de bronze. O tempo de prova dele foi de 21.57, apenas meio segundo atrás do medalhista de ouro, o estadunidense Caeleb Dressel.

Para a edição de Paris, Bruno Fratus não estará presente por não ter conseguido se recuperar de uma lesão no joelho esquerdo a tempo das provas da seletiva olímpica de natação.

Nesses Jogos Olímpicos, ele ocupará a função de comentarista na TV Globo

Laura Pigossi e Luisa Stefani, tênis feminino

Foto: Instagram Jogos Olímpicos.

pela primeira vez na história, o tênis brasileiro conquistou uma medalha em Jogos Olímpicos, com a dupla Laura Pigossi e Luisa Stefani. Em Tóquio, a medalha delas foi uma das maiores surpresas para o Brasil. Chamadas de última hora para disputar os Jogos, elas destronaram diversas duplas favoritas até cair na semifinal. Na disputa do bronze, Laura e Luisa salvaram quatro match-points para que, enfim, a consagração viesse com a conquista da medalha. 

Para esta edição, as duas tenistas estarão em Paris, competindo na chave simples, com Luisa Stefani se dividindo também nas duplas, ao lado de Bia Haddad.

Alison dos Santos, atletismo masculino

Foto: Júlio César Guimarães/COB

Depois de 12 anos o Brasil voltou a subir ao pódio em uma prova de pista no atletismo com uma atuação gigante do corredor Alison dos Santos. A medalha de bronze do Piu foi conquistada na prova dos 400m com barreiras, na qual ele é especialista. Em Tóquio, ele completou a prova final com o tempo de 46.72 segundos, ficando com o terceiro lugar em prova vencida pelo campeão olímpico Karsten Warholm da Noruega, que quebrou o recorde mundial com 45.94 segundos.

Alison dos Santos continua em alta na prova dos 400m com barreiras e é um dos favoritos para conquistar mais uma medalha para o Brasil.

Thiago Braz, atletismo masculino

Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach

Campeão olímpico no salto com vara masculino na Rio 2016, o brasileiro Thiago Braz chegou aos Jogos de Tóquio desacreditado com temporadas irregulares. Porém, no momento certo, ele se superou saltando 5,87m, ficando com a medalha de bronze. 

Com duas medalhas olímpicas na carreira, em Paris, Thiago Braz não disputará os Jogos Olímpicos. Ele está suspenso por doping. 

Abner Teixeira, boxe masculino

Foto: Gaspar Nóbrega/COB

A medalha de Abner Teixeira foi a terceira, no total, conquistada pelo Brasil no boxe em Tóquio. Após se destacar nos combates anteriores, ele garantiu a medalha de bronze ao se classificar para a semifinal na categoria peso pesado. Acabou derrotado pelo cubano Julio la Cruz mas saiu de Tóquio com a medalha no peito. 

Para esta edição dos Jogos Olímpicos, Abner Teixeira subiu de categoria e lutará no peso super pesado  podendo surpreender novamente na luta por uma medalha já que venceu oito dos 16 adversários que disputarão a categoria em Paris.