A semana começou complicada para Michel Temer. Após ser ignorado por empresários e autoridades em sua chegada à Rússia, o governo ilegítimo sofreu uma dura derrota na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado: o relatório referente a reforma trabalhista foi rejeitado por 10 votos a 9. Dentre os votos, alguns proferidos por parlamentares da base de apoio do governo, o que abre mais uma ferida no já agonizante governo Temer.

Chamado de “chefe da maior organização criminosa do Brasil” por Joesley Batista, do grupo Friboi, o simbolismo de ambos reveses diz muito sobre a capacidade de Temer e seu governo de gerirem o País. O vexame protagonizado na Rússia é eloquente: líderes empresariais e chefes de Estado não reconhecem Michel Temer como representante do povo brasileiro, mas sim como o “criminoso” apontado nas delações.

Outro ponto a se destacar é o completo derretimento de Temer: a base de sustentação do seu governo era a imprensa corporativa e o “mercado”. A mídia familiar não apresenta mais a unidade verificada anteriormente, com fratura no discurso de apoio irrestrito e inquestionável ao grupo instalado no poder. E o mercado parece não mais acreditar na “capacidade de Michel Temer em promover as reformas que o Brasil precisa”.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT/RS) comemorou o resultado. “É uma vitória da classe trabalhadora em cima desse golpe, um ponto de virada. Aqui, discutíamos o ‘mérito da matéria’ e ficamos convencidos de que essa reforma não poderia seguir adiante”, explicou.

Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), o fato de “Michel Temer não ser recebido pelo governante de uma nação amiga é a prova de que o mundo não aceita passar vergonha ao lado de alguém denunciado como chefe de organização criminosa”.

O resultado não era esperado pela oposição. “Essa é uma vitória gigantesca, quase uma moção de censura contra o Temer”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT/RJ). “Soma-se a isso não ser recebido na Rússia. Está claro que ele não tem mais condições de ocupar a Presidência da República”, completou.

A leitura aqui no Senado é a de que o início do fim do governo Temer começou. Internacionalmente é um ‘anão diplomático’: o vexame de ser ignorado em evento constante de sua agenda oficial talvez seja comparado apenas à obrigatoriedade do chefe da diplomacia brasileira na era FHC retirar os sapatos durante revista corporal na imigração dos EUA.

Para completar, votos contrários da base governista em projeto de lei que interessa ao grupo que os sustentam, indicando que o ‘mercado’ já não vê em Michel Temer alguém capaz de seguir na retirada de direitos da classe trabalhadora e desmonte do estado nacional. Pelo visto, é questão de tempo para que Temer e sua turba sejam jogados aos leões.