Reforma de praça em Chapada dos Guimarães gera ameaças contra coletivo ambiental
Coletivo havia aberto uma ação civil pública pela suspensão das obras de reforma da Praça Dom Wunibald por ausência de avaliações dos impactos da obra
Um projeto orçado em R$ 14,5 milhões para as obras de reforma e revitalização da Praça Dom Wunibaldo, em Chapada dos Guimarães, vem causando controvérsia entre moradores da cidade, comerciantes e empresários. A mais recente chegou a integrantes do Coletivo Cidade Sustentável, que receberam uma série de insultos e até ameaças por defensores da proposta. Na semana passada, o Coletivo havia ingressado com uma ação civil pública pedindo a suspensão da concorrência pública pela ausência de avaliações dos impactos da obra e audiência pública com ampla participação popular como é preconizado no plano diretor do município.
Nesta quinta-feira (19), mesmo dia em que foi realizada a concorrência pública, uma série de ataques a integrantes do Coletivo Cidade Sustentável foi veiculada em um grupo de Whatsapp. Mensagens ofensivas, racistas e ameaçadoras foram digitadas por alguns dos membros, incluindo o pedido por três vezes que fizessem ataques aos perfis de redes sociais, em clara incitação ao ódio, afirmando que as pessoas terão que deixar a cidade “por bem ou por mal”.
Em outro trecho, um dos integrantes compartilham fotos de uma das integrantes do coletivo e comentam: “Ki nojo deixa o Tarzan chegar lá vai achar que a chita típico de gente que não toma banho há meses (sic)”.
Diante disso, um boletim de ocorrência foi registrado pelo Coletivo com o intuito de preservar a integridade física e psicológica de seus membros, além da elaboração de uma nota de repúdio divulgada pelo grupo.
Desde quando foi apresentado publicamente, em abril deste ano, o projeto de reforma recebeu críticas pela descaracterização do estilo colonial e histórico da praça de Chapada dos Guimarães. De acordo com o Coletivo Cidade Sustentável, dentre as irregularidades mais graves da proposta está a ausência de um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) sobre as obras, conforme estabelecido na Lei Complementar 43/2010, do Plano Diretor do município. O grupo reivindica ainda a participação da população, a exemplo de uma Audiência Pública, o que jamais ocorreu. A situação foi levada ao Ministério Público do Estado (MPE) na comarca de Chapada dos Guimarães e também questionada à Prefeitura de Chapada dos Guimarães, com um pedido de agenda emergencial para discussão do projeto, o qual o grupo aguarda retorno.
“É importante pontuar que não somos contra uma reforma da praça, até porque acreditamos que isto seria positivo para o desenvolvimento da cidade, comércio e turismo. Somos contrários ao projeto proposto que não conserva as características do local, além de não ter sido discutido em conjunto com a sociedade. Acreditamos em uma Chapada dos Guimarães democrática e que fortaleça sua cultura”, explica uma das representantes.
Concorrência
Aberta pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso (SINFRA-MT) em 12 de abril deste ano, a concorrência pública 03/2022 na modalidade menor preço foi realizada nesta quinta-feira (19), com o registro de apenas uma empresa concorrente. Conforme o edital, o projeto está orçado em R$ 14.504.338,49, com prazo de execução de 300 dias corridos. O certame segue em andamento com a convocação na nesta segunda-feira (23) da empresa habilitada para a abertura do envelope contendo a proposta de preço.