Por: Milenna Alves

A convocação da Seleção Feminina de Futebol para Paris 2024 trouxe uma boa representação de jogadoras que atuam no Brasil. Entre as 18 atletas convocadas, oito jogam no futebol brasileiro. O Corinthians, ex-clube do técnico Arthur Elias, foi quem mais levou nomes às Olimpíadas, com seis representantes. 

Com o maior número de convocadas entre os clubes, a equipe corinthiana reafirma internacionalmente sua potência já conhecida no Brasil e na América do Sul. A trajetória vitoriosa do alvinegro paulista tem quase uma década de construção, um investimento no futebol feminino que hoje traz notoriedade dentro da categoria. 

Essa história começou em 2016, quando o Corinthians decidiu reativar a categoria. No início, o clube contou com a parceria do Audax, também de São Paulo, que durou até 2017. A união rendeu convocações e títulos ao Alvinegro, entre eles a taça da Copa Libertadores Feminina de 2017. 

Junto a decisão de reativação da modalidade pelo Corinthians, outro movimento importante aconteceu em São Paulo: a criação do Departamento de Futebol Feminino pela Federação Paulista de Futebol (FPF), que teve como primeira coordenadora a ex-atleta Aline Pellegrino. 

Foto: Favio Falcon (AFP) 

Desde então, o futebol paulista é modelo para os demais estados em ações de promoção da categoria, como explicou a Diretora de Futebol Feminino da FPF, Ana Lorena Marche, em entrevista ao NINJA Esporte Clube.

“A criação das categorias de base, a melhora do produto, a transmissão de todos os jogos fizeram com que o Paulistão fosse cada vez mais competitivo. Isso ajuda até o próprio Corinthians a ter mais competição, porque ele não existe sozinho, ele existe jogando em ótimas finais e ganhando finais com grandes adversários”, disse.

A força regional de São Paulo é ainda mais notória ao observar resultados nacionais e internacionais. Em 11 edições do Brasileirão Feminino, 10 foram vencidas por clubes paulistas. As Brabas se consagraram como as maiores campeãs, vencendo cinco campeonatos no período. Nas 15 edições da Libertadores,  as equipes brasileiras levaram a taça 12 vezes, todas levantadas por equipes paulistas. Novamente, as corinthianas lideram com 4 dessas conquistas. 

“Hoje, a gente tem um Paulistão autossustentável, a gente fez um investimento porque a gente sabe que tem que crescer o ecossistema como um todo. Os clubes precisam entender que é preciso investir nas categorias de base para ter retorno. Quem investiu, hoje em dia, colhe bons frutos, como a Ferroviária e o Corinthians, que colhem frutos com venda de jogadoras e com títulos”, ressaltou Ana Lorena Marche, Diretora de Futebol Feminino da FPF. 

Mentalidade vencedora: Arthur Elias confia em atletas alvinegras para os Jogos 

Observando os títulos, o domínio Alvinegro é notável. Foram 18 títulos conquistados desde a reativação do futebol feminino, sendo 16 deles sob o comando de Arthur Elias. São esses números que deram força para a chegada do comandante à Seleção Brasileira. O ex-treinador das Brabas foi anunciado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) logo após a saída de Pia Sundhage, demitida após a eliminação precoce na fase de grupos da Copa do Mundo de 2023. 

A história longa e vitoriosa de Arthur Elias com o Corinthians se estendeu para a Seleção. Desde sua chegada, o técnico tem convocado jogadoras com quem trabalhou no clube paulista. Além do valor técnico e tático, as atletas do Parque São Jorge têm “mentalidade vencedora”, como definiu o próprio Arthur Elias durante a coletiva de convocação, fator que as coloca como peça importante desse grupo. 

“Não é pelo meu conhecimento das jogadoras. O que define a convocação é a atleta se encaixar nas ideias e que esteja bem e a gente veja projeção de evolução dentro desse trabalho na Seleção. O Corinthians, mesmo com a minha saída, a da Cris e de algumas jogadoras, segue sendo uma equipe muito vencedora. É uma equipe que ganhou muito nos últimos anos, e é natural que o número de atletas seja alto”, destacou o técnico da Seleção Arthur Elias, durante a coletiva de convocação. 

Foto: Reprodução/Instagram

A Seleção Brasileira estreia nos Jogos Olímpicos de Paris no dia 25 de julho diante da Nigéria, às 14h (horário de Brasília). O Brasil também enfrenta o Japão, no jogo marcado para o dia 28, e a Espanha, atual campeã mundial, no dia 31.