Rede de protagonismo feminino reúne líderes políticas, empresas e ONGs para acelerar a ação climática pelo mundo
A crise climática não é neutra: ela tem cor, classe e gênero. Além disso, ela também tem antagonistas: no mundo todo são as mulheres que lideram o debate climático e ambiental
Durante a emergência climática que enfrentamos e os diversos eventos climáticos extremos que estamos presenciando, todas as pessoas podem ser afetadas, seja através da poluição das queimadas na América do Sul, até as ondas de calor na Europa. Contudo, alerta a ONU, a crise do clima não é neutra: pessoas pobres, pessoas negras e mulheres acabam sendo as mais afetadas.
Isso ocorre porque tempos de crise e de enfrentamento a esses eventos climáticos extremos tais como enchentes, secas e ondas de calor, agravam ainda mais as opressões e desigualdades às quais esses grupos já estão expostos.
Por exemplo, segundo o relatório “Justiça Climática Feminista: um Quadro para Ação” (2023) da ONU Mulheres, caso o cenário de aumento de 3°C na temperatura do planeta se concretize, mais de 158 milhões de mulheres e meninas serão levadas à pobreza até 2050 – 16 milhões a mais do que o número esperado para homens e meninos no mesmo cenário.
Ao mesmo tempo em que fazem parte de um dos grupos mais afetados, são também as mulheres que têm estado à frente e liderado o debate de enfrentamento à emergência climática por todo o planeta.
Segundo dados divulgados pela rede “Woman Leading on Climate” (“Mulheres liderando o clima” em tradução livre), em todo o mundo, 77% das pessoas querem que seus governos façam o que for preciso para resolver as mudanças climáticas, e as mulheres estão na vanguarda da demanda por mudanças.
Elas têm 2,5 vezes mais probabilidade de pedir que seus governos sejam mais ousados, 60% mais probabilidade de usar suas vozes para o bem e duas vezes mais probabilidade de se envolver civicamente.
A rede, lançada durante a Semana do Clima em Nova Iorque que ocorre agora em setembro, é composta por mulheres líderes climáticas do mundo empresarial, político e do setor sem fins lucrativos, que combinam influência e poder para impulsionar uma maior ambição climática do país, acompanhada de ações concretas.
Para Laurence Tubiana, CEO da European Climate Foundation, “empoderar as mulheres não é apenas uma questão de justiça — é essencial para superar os principais obstáculos que enfrentamos, do conflito à desigualdade e aos impactos climáticos”.