Uma socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) relatou um caso de racismo que sofreu quando uma família relutou que ela socorresse um idoso na região central de São Paulo. Laura Cristina Cardoso, enfermeira da Unidade de Suporte Intermediário, atendia a um chamado emergencial por um senhor que estava com sequelas de AVC.

“A senhora ficou meio desesperada e gritou: “E agora, filho? Ela é negra.” Aí, o filho respondeu: “Tudo bem, mamãe. Ela está usando luvas”, contou a enfermeira ao G1.

O homem, que tem 90 anos, estava com rebaixamento do nível de consciência. Em entrevista, ela afirmou que, no momento em que escutou as declarações racistas, precisou de foco, respirou fundo e trincou os dentes para seguir seu juramento e continuar o atendimento.

Ela disse ainda que o senhor recebeu o melhor tratamento possível. “Quem elas são não muda quem eu sou”, afirmou.

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“Naquela hora, vendo aquele idoso passando mal, o que eu vou responder para uma pessoa dessa? Também não reagi por causa do meu juramento. O juramento da Enfermagem é proteger a vida desde a concepção até a morte. E eu faço isso. Protejo a vida. Mesmo a vida dos racistas. Qualquer outra atitude poderia colocar a vítima em risco”, disse ao G1.

Em suas redes, ela ainda escreveu: “a vítima foi devidamente atendida pelas minhas mãos negras enluvadas”.

Ela afirmou que é infelizmente é comum abordagens racistas no seu cotidiano de trabalho. Já pediram para ela não tocar em pacientes ou usar elevador de serviço.

Conforme noticiado, Laura não denunciou o crime, apesar dele ser previsto em Código Penal, estabelecendo de 1 a 3 anos de reclusão e multa para quem ofende a dignidade de outra pessoa utilizando elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, entre outros.

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