Queriam passar a boiada, mas a boiada morreu queimada
Os 150 km da Transpantaneira não são suficientes para conter o fogo e a fumaça que assola o Pantanal. O fogo já consumiu cerca de 1.200.000 hectares (um milhão e duzentos mil) e continua sem dar trégua
O Pantanal passa pela sua fase mais crítica das últimas décadas. O bioma enfrenta uma de suas maiores secas da história recente, sofre com o desmatamento e tem o segundo pior período de queimadas desde o fim dos anos 90. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou somente em agosto 5.935 focos de incêndio, o segundo maior da série histórica desde 1998, quando INPE começou a fazer o monitoramento. Recentemente, perícias apontaram que infratores provocaram incêndios no bioma, que se espalham há dois meses.
A atual situação do Pantanal, maior área úmida continental do planeta, preocupa ambientalistas. O repórter Leandro Barbosa recebeu um pedido de socorro de moradores, que reportam a terrível situação do fogo no Pantanal, animais morrendo de fome, sede e sem ter como escapar.
Nos primeiros sete meses deste ano, o principal rio do Pantanal atingiu o menor nível em quase cinco décadas. A chuva foi escassa. O desmatamento cresceu. Os incêndios aumentaram. E a fiscalização por parte do poder público, segundo entidades que atuam na preservação da área, diminuiu. Os 150 km da Transpantaneira não são suficientes para conter o fogo e a fumaça que assola o Pantanal. O fogo já consumiu cerca de 1.200.000 hectares (um milhão e duzentos mil) e continua sem dar trégua.
Especialistas ressaltam que os decretos estadual e federal podem não reduzir a quantidade de incêndios, caso não haja fiscalização. “São decretos necessários, mas é difícil prever se serão suficientes. É preciso que estejam acompanhados de outras ações, como o aumento da fiscalização, melhoria da estrutura de combate aos incêndios e uma mensagem clara e inequívoca do governo de combate às ações ilegais”, pontua o geógrafo Marcos Rosa.