Queimadas promovidas por pecuarista de búfalos são a causa da fumaça em Manaus, aponta Observatório
O Observatório do agronegócio no Brasil, o De Olho nos Ruralistas, identificou fazendeiros que promovem o desmatamento que vem deixando a capital do Amazonas, Manaus, coberta de fumaça.
O Observatório do agronegócio no Brasil, o De Olho nos Ruralistas, identificou fazendeiros que promovem o desmatamento que vem deixando a capital do Amazonas, Manaus, coberta de fumaça.
No dia 11 de outubro por exemplo, Manaus amanheceu coberta de fumaça e de acordo com a plataforma World Air Quality Index, registrou a terceira pior qualidade do ar no mundo.
Ainda de acordo com a equipe do De olho nos Ruralistas, dados de monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que a escuridão no céu manauara foi causada pelo deslocamento da fumaça de incêndios florestais nos municípios de Autazes e Careiro — intensificados pelo período de estiagem que acomete o Norte do país.
A partir do cruzamento entre os dados geoespaciais do Inpe e a base fundiária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Observatório identificou a concentração dos primeiros focos de incêndio em um grupo de fazendas situadas no entorno das terras indígenas (TIs) Murutinga/Tracajá, Cuia, Iguapenu e Recreio/São Félix, que são habitadas pelo povo Mura.
Nesse cruzamento de dados destaca-se uma propriedade no nome de André Maia dos Santos, um dos principais criadores de búfalos da região de Autazes e dono da fazenda AM – 359.
André Maia é criador de búfalos, e já foi citado em um relatório denominado “Violência Contra Povos Indígenas do Brasil – 2019”, publicado pelo Conselho Indígena Missionário (Cimi) como sendo um agressor de indígenas do Povo Mura.
“Os pecuaristas põem fogo para fazer os roçados novos”, conta um morador da região, que pede para ter a identidade mantida em sigilo. “Esse fogo veio andando”, confirma Adilio Mura, morador da Aldeia Moyray, na TI Iguapenu. “Ele emendou do território lá do Cuia, andou pra cá, atravessava estrada após estrada”.
Segundo relato dos indígenas, o fogo comprometeu o principal meio de subsistência dos Mura, que têm tido dificuldade em encontrar áreas disponíveis para plantar e colher mandioca e outros alimentos.
Enquanto isso, a superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) no Amazonas foi categórica ao afirmar que o fogo que causa uma escuridão no céu de Manaus foi causado por pecuaristas que atuam nos dois municípios da região metropolitana de Manaus, Autazes e Careiro.