Esta semana, Belém recebe mais uma edição do Psica, festival que há mais de uma década movimenta a cidade e se consolida como um dos encontros culturais mais potentes da Amazônia. Mais do que uma programação de shows, o Psica é um território de afirmação estética, política e afetiva — onde a cultura preta, periférica, ribeirinha e amazônica conquista centralidade, visibilidade e celebração. É nesse espírito que o festival apresenta o vídeo-manifesto de 2025, que inaugura o conceito desta edição e anuncia a energia que toma a cidade.

Dirigido por Bruna Suellen, o filme apresenta “O Retorno da Dourada”, metáfora que simboliza o encerramento do ciclo migratório da dourada — peixe que percorre mais de 11 mil quilômetros pela Pan-Amazônia, atravessando oito países e carregando histórias, sabores e memórias que compõem esse território plural. O festival retoma a narrativa iniciada no ano passado, reafirmando que a música que vai e volta pela Amazônia é a grande força que nos conecta.

Bruna explica que a intenção é revelar que a Pan-Amazônia é uma só língua em milhões de vozes. No Psica, essa conexão cultural nasce da proximidade territorial, das trocas e da herança compartilhada entre povos que dividem rios, caminhos e imaginários. O Retorno da Dourada sintetiza a diversidade pan-amazônica e latina que carregamos no corpo, na comida, na música e nos modos de existir. A dourada, tão presente na vida ribeirinha — do Peru ao Marajó —, simboliza a nutrição que sustenta o território: alimentar as pessoas, alimentar nossas raízes, alimentar nossa resistência cultural.

O Psica sempre foi mais que um festival — é um espaço de afirmação da cultura preta, periférica e amazônica, que potencializa vozes historicamente marginalizadas. Nesse contexto, o manifesto atravessa ritmos, línguas e geografias: do carimbó e do manguebeat ao tecnobrega, do samba às manifestações indígenas e afro-amazônicas, costurando ancestralidade e contemporaneidade. Assim como o festival reúne artistas de diferentes gerações — mestres consagrados e jovens vozes emergentes —, o vídeo evoca a conexão intergeracional e a troca cultural, reafirmando que a identidade da Amazônia pulsa na diversidade, na memória e na reinvenção constante.

O manifesto também celebra a beleza do território que o Psica transborda: o carimbó, a cosmogonia afro-indígena, o rio, a maré, os igarapés, o meio da mata, a vida que vibra entre diferentes mundos. E destaca a presença e a força das crianças, que trazem a ideia de renovação e continuidade do ciclo — descendentes e ascendentes conectados por um mesmo movimento de futuro.

Ficha técnica do vídeo-manifesto:

Direção Criativa: Bruna Suelen
Direção: Matheus Almeida e Bruna Suelen
Texto Manifesto: Bruna Suelen
Roteiro: Bruna Suelen
Edição: Matheus Almeida
Produção Musical: Yuri Reiner
Produção Executiva: Psica Produções
Direção de Produção/Assistente de Direção: Mayara Sanchez
Assistente de Produção: Brena Corrêa e Bruno Corrêa
Direção de Fotografia: Igor TXA
Assistente de fotografia: Fabio Ramos
Direção de Arte / Figurino: Bianca Machado
Assistência de Arte / Figurino: Allyster Fagundes
Costura: Alê Ferreiro
Caracterização: Maquiatrix
Voz: Iracy Vaz
Elenco: Tiana Ferreira, Shirley Souza, Fábio Leandro, Brena Corea, Bruno Corrêa, Mestre Thomaz, Cruz Ariel Silva e Vitória Negrana.
Elenco infantil: Valentina Luz, Ernesto Niron, Liz Dias, Ana Liz, Lourdes de Maria e Francisco Mendes
Realização: Psica Produções

Agradecimento à professora da Ézia Neves – ETDUFP