Programa que salva emprego formal empobrece trabalhador, aponta estudo
Em troca de garantia de emprego, o governo lançou um programa que prevê corte de jornada e de salário na iniciativa privada. Mas isso ao invés de ser uma solução, pode levar mais trabalhadores formais à pobreza, mostra um levantamento realizado pelo economista Gabriel Ulyssea, professor associado da Universidade de Oxford.
Em troca de garantia de emprego, o governo lançou um programa que prevê corte de jornada e de salário na iniciativa privada. Mas isso ao invés de ser uma solução, pode levar mais trabalhadores formais à pobreza, mostra um levantamento realizado pelo economista Gabriel Ulyssea, professor associado da Universidade de Oxford.
O economista analisou as recomposições salariais do programa e percebeu que a perda da renda é real e severa para quem ganha de 3 a 4 salários mínimos. Segundo ele, a ideia é boa mas o programa é mal pensado.
A vinculação do benefício ao seguro-desemprego faz o valor final ficar menor. Quanto mais o trabalhador ganha de salário, menos ele ganhará como benefício. A regra prevê três faixas de cálculo, que terão como base o piso dos salários mínimos, de R$ 1.045 e o valor máximo será de 1.813,03. Esse vínculo é uma das falhas apontadas pelo economista, já que quem recebe, por exemplo, em média de R$ 4.180, receberá R$ 1.813,03 por dois meses. Não é um salário baixo, mas para uma família maior diminui a renda per capita e pode levar a passar dificuldades. Ulyssea afirma que neste momento, o país deve fazer um esforço fiscal, ainda que isso leve ao endividamento.
Outra questão é que as pessoas com menos escolaridade acabam sendo demitidas primeiro, porque são mais facilmente “repostas”, piorando a situação de quem já ganha menos e tem menos chances no mercado de trabalho. É importante neste momento que as empresas busquem manter o vínculo com os funcionários, para que, além de garantir mais pessoas com menos prejuízo pela pandemia, se retome com mais tranquilidade ao fim dela.