Professores estão há mais de 42 horas em greve de fome em Palmas
Desde o dia 5 de setembro, profissionais da educação de Palmas, capital do Tocantins, estão em greve e, desde o dia 13, ocupam a Câmara Municipal de Palmas em busca de soluções junto ao legislativo e a Prefeitura. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Tocantins (Sintet), os professores reivindicam a realização de eleição […]
Desde o dia 5 de setembro, profissionais da educação de Palmas, capital do Tocantins, estão em greve e, desde o dia 13, ocupam a Câmara Municipal de Palmas em busca de soluções junto ao legislativo e a Prefeitura. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Tocantins (Sintet), os professores reivindicam a realização de eleição para a função de direção de escola, pagamento de reajuste salarial e pagamento de direitos garantidos em lei e que estão atrasados desde 2013.
O prefeito da cidade, Carlos Amastha (PSB), se recusa a dialogar com os professores e afirmou que os pontos serão cortados na folha de pagamento. A atitude levou os grevistas a tomarem medidas extremas em busca dos direitos negados: em protesto, sete professores da rede municipal fizeram a última refeição no dia 20, às 17h30. São eles: Antonio Chadud, Neilon William, Pinheiro Alves, Márcio Brasil, Tahina Paz, Fábio Lopes e Vinícius Luduvice.
“Tomamos essa decisão de entrar em greve de fome porque não acreditamos mais no diálogo. Já tentamos diálogo por meio da Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa do Tocantins e até mesmo diretamente no gabinete do Secretário Municipal de Educação, porém, não houve evolução. Essa greve de fome é em solidariedade aos trabalhadores que tiveram o ponto cortado e vamos continuar com a greve de fome até que seja revestido este corte dos trabalhadores que reivindicam apenas o cumprimento de leis”, afirmou Fábio Lopes.
Os professores estão sendo acompanhados por profissionais de saúde voluntários.
Passeata
Em apoio aos professores, pais, alunos e a população fizeram um manifestação em frente à prefeitura na avenida JK nesta sexta-feira, 22, em protesto pela falta de diálogo por parte do prefeito Carlos Amastha e do secretário municipal de educação, Danilo de Melo.
Mãe de quatro alunos da rede municipal de ensino, Lorivan Pires esteve na manifestação e disse que como mãe não está mandando seus filhos para a escola, pois sabe que os profissionais enviados pela prefeitura para substituir aos professores são despreparados. Os filhos estudam na escola Maria Rosa e no CMEI Miudinhos. “A gente sabe que a formação do professor não é do dia para a noite. Se o prefeito está tão preocupado com a educação porque ele não toma uma atitude? Os professores não estão aqui atrás de dinheiro, mas dos direitos que estão previstos na lei. Eu espero que ele se sensibilize com os sete professores que estão na Câmara em greve de fome. Isso é desumano” explica.
Clara Silva de Souza, mãe de uma aluna da escola Anne Frank, disse estar inconformada com a situação e foi uma das pessoas que procurou a Defensoria Publica em conjunto com outros pais. “Temos um grupo no Whatsapp com mais de 200 pais de alunos. Nós não acreditamos e não confiamos em pessoas que não são os professores dos nossos filhos”, explica e ressalta: “ ao saber que nossos filhos queriam estar aqui nessa manifestação para apoiar seus professores, nós viemos para dizer para a população que ao contrário do que o prefeito diz não está tudo bem na educação. Os nossos professores não precisariam estar passando por isso se fossem prioridade da prefeitura”.
Ocupação na Câmara
O vereador José Folha (PSD), presidente da Câmara e base aliada do prefeito Amastha no legislativo, tentou expulsar os grevistas do local, cortando a água do prédio, porém doze vereadores cederam seus gabinetes para os professores e conseguiram um carro pipa para abastecer a Casa. Em áudio vazado no WhatsApp, o vereador chamou os professores de “imundos”.
Pais apoiam movimento
Na manhã de quinta-feira, 21, pais de alunos da rede municipal procuraram a Defensoria Pública do Estado para resguardar os direitos dos filhos, alegando que a prefeitura, ao negar diálogo com os professores, colocou pessoas contratadas inabilitadas nas salas de aula. Em visita às escolas, vereadores da Câmara Municipal confirmaram a presença de profissionais sem formação adequada nas escolas.
Além disso, alguns pais também protocolaram junto ao Núcleo da Infância e Juventude da Defensoria, denúncia contra as direções das escolas em greve, que estariam coagindo pais de alunos, por meio de aplicativos de WhatsApp, a levarem seus filhos para as aulas mesmo sem os professores titulares. Os diretores alegam que serão descontadas as faltas dos alunos.
Em Palmas, os diretores das escolas são indicados pela prefeitura. O Sintet afirma que as escolas são usadas como parte das estruturas de campanha dos gestores, que distribuem cotas de escolas para deputadas/os, vereadores/as e lideranças locais. Uma das reivindicações dos professores é a eleição dos diretores pela comunidade e corpo docente, garantindo maior autonomia para as escolas.