Por Giulia Medeiros

O cinema cuiabano está brilhando para todo o Brasil. Surfando na onda do boom do cinema mato-grossense dos últimos anos — fortalecido pelo apoio a produções fora dos grandes centros econômicos —, além das premiações recentes, surge também uma nova etapa para o audiovisual regional.

Sou Giulia Medeiros, produtora formada na EICTV (Cuba), cientista social e apaixonada por cinema desde 2005, quando iniciei minha trajetória na 1ª SEDA – Semana do Audiovisual, realizada em Cuiabá, pelo Espaço Cubo. No último mês, tive a oportunidade de dirigir a produção de “Amor em Movimento”, telefilme que encerrou sua etapa de gravações.

Quando a produtora executiva Paula Torres me convidou para integrar a equipe, aceitei sem hesitar. Afinal, “Amor em Movimento” é uma história leve e encantadora, que conecta tradição e contemporaneidade pelo olhar apaixonado de Lucas sobre Rosa. O filme acompanha dois adolescentes unidos pela missão de ajudar o grupo de siriri de Dona Sabina, avó de Lucas, a vencer um campeonato e, assim, manter viva essa tradição.

A obra é roteirizada e dirigida por Danielle Bertolini e Perseu Azul — dois olhares distintos que se complementam para construir uma narrativa que revela Cuiabá em seus personagens, espaços e situações inusitadas. O clímax acontece quando todos descobrem a farsa do protagonista: apesar do coração generoso, Lucas esconde da avó que seus amigos reinventaram a tradição.

A preparação de elenco, conduzida por Débora Nunes Vecchi, foi intensa e envolveu não apenas os ensaios das cenas, mas também oficinas de siriri, em parceria com o grupo Flor Ribeirinha, com o dançarino Ismael Diniz do Espírito Santo, além de coreografias de K-pop com a professora Bruna Roberta.

Com um elenco virtuoso — que reúne jovens talentos e nomes consagrados como André d’Lucca e Eloá Pimenta — e uma equipe dedicada, o set foi marcado pela harmonia, algo que certamente se refletirá no resultado final. Cada locação trouxe sua própria magia para dar vida à história. A comunidade se envolveu de corpo e alma — de São Gonçalo Beira Rio ao Liceu Cuiabano, passando pela TV Centro América —, todos unidos para dar voz e cor a uma narrativa que é, ao mesmo tempo, profundamente local e universal.

Apesar dos desafios de produzir cinema em estados mais isolados do país — da falta de investimento à profissionalização do setor, passando pelas condições climáticas adversas —, Mato Grosso prova que tem muitas histórias para contar e artistas incríveis para mostrar. Em um território onde o agronegócio muitas vezes tenta ofuscar, a arte resiste e se multiplica como mato. Nos últimos dois anos, mais de seis longas foram produzidos graças às políticas públicas recentes, o festival Cinemato voltou com força total e, na próxima semana, acontece a Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina (MAUAL).

E esta é apenas a primeira página de um novo capítulo: além dos prêmios em Gramado, o telefilme regional “Amor em Movimento” chegará em breve às telinhas da Globo, marcando um passo decisivo para que o cinema cuiabano ganhe ainda mais visibilidade no cenário nacional.

Aguardem em breve, nas telinhas da Globo, uma história mágica e potente sobre nós, feita por nós — e que abre caminho para muitos outros filmes que ainda virão.

Foto: Fernando Dezan
Foto: Fernando Dezan
Foto: Fernando Dezan
Foto: Fernando Dezan
Foto: Fernando Dezan