Por Antonio Arraes

Atibaia, conhecida por suas flores e pelo ar de cidade tranquila do interior paulista, vai viver um marco histórico em 24 de agosto: a realização da primeira Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ da cidade. O evento começa às 13h e promete reunir cores, música e, sobretudo, resistência.

Mas esse dia não surge do nada. Antes da primeira parada oficial, foi preciso criar espaços de acolhimento e celebração queer em um contexto onde, muitas vezes, o preconceito ainda ecoa mais alto do que o respeito. Durante o mês do orgulho, Atibaia já vinha com a tentativa de promover festivais e eventos que gerassem visibilidade. Em 2023, Maria Gadú se apresentou nos palcos da cidade, que também promoveu palestras, peças, entre outras ações culturais.

Atibaia, como muitas cidades do interior no Brasil, sofreu por anos com o preconceito contra a comunidade LGBTQIAPN+. Contudo, a resistência tem aumentado cada vez mais, seja por meio de respaldos legislativos, seja pela promoção de eventos culturais na cidade. A Festa Aceita, por exemplo, atraiu turismo e movimentou a economia da cidade, servindo de alavanca para DJs e drags performáticas de toda a região. Isso apenas valoriza a diversidade e traz visibilidade para as questões de gênero e orientação.

Depois, a festa Aceita se tornou símbolo de resistência e liberdade em Atibaia. Mais do que um “rolê”, tornou-se uma afirmação coletiva de que ser LGBTQIAPN+ em uma cidade do interior não deve significar viver à margem, escondido ou com medo.

Com humor irreverente, música, performances e muito glitter, a festa ocupou espaços da cidade e conquistou reconhecimento nacional, recebendo prêmios e virando referência na cena cultural queer. No interior, onde a homofobia cotidiana se traduz em olhares tortos, falta de políticas públicas e episódios de violência, “Aceita” é um respiro e, ao mesmo tempo, um grito por mudanças.

Diversidade fora do eixo

Enquanto as capitais oferecem uma rede (ainda que insuficiente) de serviços e coletivos, visibilidade e proteção, nas cidades menores o desafio é outro. Muitos jovens da comunidade crescem sem referências positivas, vivendo entre o isolamento e a necessidade de se esconder.

Nesse contexto, festas como a Aceita e a chegada da Parada do Orgulho de Atibaia são muito mais do que celebrações: são atos de sobrevivência e proteção coletiva. Eventos de massa como a Parada têm um papel simbólico e concreto. Quando milhares de pessoas ocupam o espaço público, a mensagem é clara: ninguém está sozinho. O medo se dissolve na multidão, e a cidade é obrigada a olhar para seus cidadãos LGBTQIAPN+ — que existem, trabalham, amam e merecem respeito.

Além disso, a mobilização gera impacto político: autoridades locais precisam se posicionar, projetos culturais ganham força e a juventude queer encontra referências para existir sem pedir desculpas.

No dia 24 de agosto, a primeira Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de Atibaia será o encontro entre história e futuro. É fruto da coragem de quem abriu caminho, como a Festa Aceita e os festivais ocorridos no mês do orgulho, e da resistência cotidiana de quem nunca deixou de existir, mesmo que em silêncio.

Moradores de Atibaia e região têm um encontro marcado com a diversidade neste domingo. Será um dia de celebração, com cores, música e alegria, mas também de luta e resistência. Um momento que marca a história da cidade.