Presentes na água, no ar e no alimento: seres humanos ingerem cada vez mais microplástico
Estimativas indicam que uma pessoa pode engolir o equivalente a um cartão de crédito por ano em microplásticos.
Por Maria Vitória Moura
Segundo apuração da CNN Brasil, estudos realizados em várias partes do mundo mostram partículas de microplástico presentes na água da torneira, na atmosfera, no leite materno e na urina dos bebês. Cada vez mais, cientistas se preocupam em descobrir quais os efeitos dessa substância microscópica no corpo humano.
O microplástico é, comprovadamente, ingerido e inalado por nós. Estimativas indicam que uma pessoa pode engolir o equivalente a um cartão de crédito por ano em microplásticos. Isso ocorre devido a uma característica do plástico que, a princípio, foi um dos seus pontos mais fortes. Ele é muito, muito durável. O plástico leva 450 anos para se decompor na natureza e, apesar de seu grande potencial de reciclagem, das 400 milhões de toneladas anuais de plástico descartado no mundo, apenas 10% é reciclado.
Assim, os fragmentos dessa substância podem se tornar microscópicos, com cerca de 5 milímetros, o que eleva seu potencial de contaminar a água, o ar, o solo e, claro, os organismos vivos. “Você pode não perceber, mas está comendo e inalando plástico”, alerta matéria da CNN Brasil. Além dos perigos trazidos por essa substância, também existem riscos de que junto com ela outras corpos estranhos, como germes e e micróbios nocivos, adentrem o corpo humano.
De acordo com o Portal ecycle, pesquisa que analisou 15 marcas diferentes de sal de cozinha disponíveis nos supermercados na China encontrou, entre os grãos de sal, micropartículas de tereftalato de polietileno (PET) de plástico de garrafa de água comum, bem como polietileno e uma grande variedade de outros tipos de microplástico. O maior nível de contaminação foi encontrado no sal proveniente do oceano. O portal também aponta a confirmação da presença de microplásticos na água da torneira, na cerveja e até mesmo na água de garrafa.
A professora Colin Janssen, da Universidade de Ghent, na Bélgica, estima que o cidadão belga que consome mexilhões e outros frutos do mar, come até 11.000 pedaços de microplástico por ano. Ela alerta, ainda, que as próximas gerações podem comer ainda mais, com estimativas de até 750.000 micropartículas por ano até o final deste século. Em seus estudos, Janssen afirma que os nanoplástico nem sempre ficam apenas no estômago, podendo ser absorvido pela corrente sanguínea.
A ingestão dessas substância ao comer peixes e outros seres aquáticos não se restringe à Belgica. Esse é um fator que, com a grande quantidade de plástico nos oceanos, não é de surpreender. Porém, a contaminação pode ocorrer antes mesmo do descarte incorreto do plástico. Pesquisas estimam que o processo de esterilização das mamadeiras infantis acaba desprendendo milhões de partículas de microplásticos e trilhões de nanoplásticos, estruturas que posteriormente são engolidas com o leite.
Não há uma fórmula perfeita para sanar os problemas do plástico, principlamente devido ao seu grande acumulo na natureza nas últimas décadas. Estimativas apontam que o ser humano já produziu 8,3 bilhões de toneladas desse material. O que pode e deve ser efeito é reduzir ao máximo a quantidade de plástico de uso único no nosso cotidiano, fortalecer a coleta, reciclagem e descarte adequado, e por fim, investir em pesquisas que criem materiais tão eficientes quanto o plástico, mas que tenham tempo de degradação reduzido.