Prefeito de Porto Alegre ignorou alerta de risco de inundação, denuncia deputado
O deputado Matheus Gomes (PSOL -RS) revelou documentos do Departamento Municipal de Água e Esgoto: “A negligência causou a tragédia”
O deputado estadual Matheus Gomes (PSOL-RS) utilizou seu perfil na rede social X (antigo Twitter) para denunciar o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), por negligência frente aos alertas de risco de inundações que afetaram a cidade recentemente. Segundo o parlamentar, a gestão de Melo ignorou alertas críticos emitidos pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), resultando em uma tragédia que poderia ter sido evitada. Até o momento, o Rio Grande do Sul soma 157 vidas perdidas e cerca de 2 milhões de pessoas afetadas.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que também recebeu alertas, mas que havia “outras agendas”. “Bom, você tem esses estudos, eles de alguma forma alertam, mas o governo também vive outras pautas e agendas”, afirmou. Durante o debate acerca da mudança no código do meio ambiente do estado, em 2023, a gestão Leite ignorou alerta de risco de enchentes e mudou 480 pontos da legislação. Para especialistas, essa decisão teve impacto negativo e o resultado está sendo visto na catástrofe climática.
O alerta ignorado
Em uma série de postagens, Gomes compartilhou documentos do DMAE datados de novembro de 2023, quando uma sequência de chuvas elevou o nível do rio Guaíba a mais de 3,4 metros. Os engenheiros do departamento solicitaram reparos urgentes em quatro casas de bombas e identificaram outros problemas que precisavam de atenção imediata para evitar inundações severas no Centro e nos bairros Menino Deus, Cidade Baixa e Sarandi.
Principais Problemas Identificados
- Casas de Bombas 17 e 18 (Centro):
- Problema: Necessidade de elevação das paredes do poço de descarga para isolar e proteger as bombas em situações extremas.
- Consequência Prevista: Alagamento da área central entre a Usina do Gasômetro e a Rodoviária.
- Casa de Bombas 13 (Parque Marinha):
- Problema: Conserto das janelas de inspeção do poço de descarga, que não estavam devidamente pressurizadas.
- Consequência Prevista: Alagamento no Menino Deus e no entorno da Azenha.
- Casa de Bombas 20 (Vila Minuano):
- Problema: Avaliação da proteção do poço de descarga diante da hipótese de elevação do Arroio Passo da Mangueira.
- Consequência Prevista: Colapso das bombas e inundações graves na região do Sarandi.
A resposta da gestão municipal
Segundo Matheus Gomes, a prefeitura não atendeu aos pedidos dos engenheiros do DMAE. Ele destacou que, até 23 de abril de 2024, não havia um cronograma estabelecido para os reparos necessários, evidenciando a negligência das autoridades municipais. “Os engenheiros fizeram o seu papel, mas quem autoriza as ações negligenciou”, afirmou o deputado.
Gomes acusou o prefeito Sebastião Melo de manter uma postura de negacionismo climático, especialmente diante do fenômeno “Super El Niño” e das mudanças no padrão de chuvas. Ele criticou a gestão por não tomar medidas preventivas, apesar dos alertas técnicos claros e urgentes.
Consequências e ações futuras
A tragédia mencionada por Gomes não é apenas uma questão de infraestrutura, mas também um reflexo de uma gestão pública que, segundo ele, falhou em proteger seus cidadãos. O parlamentar anunciou que toda a documentação será entregue ao Ministério Público e outras instituições de controle, buscando responsabilizar os envolvidos pela negligência.
“Sem a responsabilização de quem foi negligente, como Sebastião Melo, não teremos reconstrução de Porto Alegre e do RS”, concluiu Gomes. Ele enfatizou que a transparência e a cobrança por ações efetivas são fundamentais para evitar que desastres semelhantes ocorram no futuro.
Repercussão na comunidade
A denúncia gerou um grande debate na cidade, com moradores e líderes comunitários exigindo respostas e ações imediatas para mitigar os danos e prevenir futuras inundações. A gestão do prefeito Sebastião Melo ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações.
Enquanto a cidade enfrenta os desafios de recuperação, a pressão sobre as autoridades locais aumenta, com a população demandando não apenas explicações, mas também mudanças concretas na abordagem de gestão de riscos e prevenção de desastres.