Precisamos falar sobre a importância da ética na produção de documentários
Cabe aos cineastas e à sociedade como um todo refletir sobre como produzir documentários de denúncia de maneira ética e consciente, visando sempre o objetivo de informar e mobilizar o público para ações positivas e transformadoras
Por Dayane Teles*
A produção de documentários de denúncia pode ser uma maneira eficaz de chamar a atenção para questões importantes e dar voz a pessoas impactadas por situações como uma guerra. No entanto, vale considerar o impacto emocional e ético que o processo de produção pode ter sobre os próprios envolvidos e também sobre o público.
Para produzir documentários de denúncia de maneira adequada, é necessário priorizar a dignidade e o bem-estar das pessoas envolvidas, o respeito à sua privacidade e a precisão dos fatos apresentados. Os cineastas devem buscar dar voz aos afetados e garantir que suas histórias sejam ouvidas, sem manipulações sensacionalistas ou exploração da tragédia. No entanto, ao testemunhar uma guerra brutal, tanto como envolvidos quanto como espectadores, surge a reflexão: qual seria a maneira adequada de produzir documentários de denúncia? Ou será que tais documentários são imprescindíveis?
A citação “Vai Ficar tudo bem” de Mstyslave Chernov em “20 Dias em Mariupol” destaca a esperança em meio à adversidade. A montagem de Michelle Mizner utiliza subgêneros documentais e uma linguagem simples para transmitir a experiência dolorosa e interminável dos habitantes de Mariupol. Além disso, é fundamental buscar o equilíbrio entre contar uma história impactante e respeitar a integridade emocional e psicológica das pessoas envolvidas.
Cabe aos cineastas e à sociedade como um todo refletir sobre como produzir documentários de denúncia de maneira ética e consciente, visando sempre o objetivo de informar e mobilizar o público para ações positivas e transformadoras.
*Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2024