Um estudo inédito percorreu 8.125 km do litoral brasileiro, revelando que 91% do lixo encontrado em 306 praias é composto por plásticos, sendo a maior parte formada por itens de uso único. A pesquisa, coordenada pelo Instituto de Oceanografia da USP e a ONG Sea Shepherd Brasil, coletou 2,3 toneladas de resíduos e lançou um alerta sobre a gravidade da poluição nas praias do país, com plásticos descartáveis dominando a paisagem costeira.

As descobertas mostram que microplásticos, partículas menores que 5 milímetros, estão presentes em 97% das praias analisadas. Fragmentos de plástico, incluindo bitucas de cigarro e embalagens, foram encontrados em alta densidade, com uma média de 10 partículas de microplástico a cada 2 metros quadrados de areia. Florianópolis se destacou negativamente, com uma alta concentração de resíduos na praia de Pântano do Sul.

A distribuição dos resíduos variou entre as regiões do Brasil. O Sul e o Sudeste apresentaram as maiores concentrações de microplásticos e macrorresíduos, enquanto o Norte registrou menores níveis de poluição plástica. Estados como Paraná, Piauí e Pernambuco lideraram nos índices de microplásticos, enquanto praias no Rio de Janeiro e no Amapá mostraram menor poluição.

Curiosamente, praias localizadas em áreas de proteção ambiental integral apresentaram maior acúmulo de resíduos plásticos do que aquelas sem proteção. A falta de manejo adequado dessas áreas contribui para o acúmulo de lixo trazido por correntes marítimas, além de indicar a possível presença de pesca ilegal, uma vez que apetrechos de pesca foram encontrados em áreas onde essa prática é proibida.

O estudo sublinha a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para enfrentar a crise da poluição plástica no Brasil. Além da redução no uso de plásticos descartáveis, é crucial promover a reciclagem, melhorias nos sistemas de coleta e programas de limpeza das praias.