Pós-copa: o que mudou de fato no futebol feminino brasileiro?
Depois de emplacar uma goleadora, ser transmitido pela TV aberta e bater novos recordes, o que mudou de fato no futebol feminino no Brasil?
Por Victoria Amaro, da Copa FemiNINJA
Que a Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019 foi um sucesso não temos dúvida. Foram recordes de audiência, torcedores nos estádios e visibilidade para as seleções, mas ainda temos alguns questionamentos quando se trata de Brasil.
O país foi o líder de audiência da competição incluindo a final entre Estados Unidos x Holanda, com 18,9 milhões de pessoas assistindo conseguindo ultrapassar os próprios americanos que obtiveram 15,2 milhões de pessoas. O “bum” na audiência veio quando o maior veículo de imprensa do país, Rede Globo, resolveu transmitir os jogos do Brasil fazendo com que o mais jogos em TV aberta despertassem o interesse do telespectador “comprando” a competição e o apoio para as meninas, e as redes sociais também foram importante para tudo isso. A pergunta que não quer calar é, como ficou o nosso pós-copa? Seleção, clubes e mídia?
A primeira mudança surge na própria seleção com a demissão do então treinador Vadão e a entrada da treinadora Pia Sundhage. Com ela a seleção tem tido um desenvolvimento constante de seu futebol, que fica nítido quando surgem nos amistosos, como estilo de jogo e convocações variadas visando as Olimpíadas de Tokyo. Na mídia, a Rede Globo transmitiu pela primeira vez um amistoso das “guerreiras do Brasil” na história para a TV aberta, passando também o segundo na última terça-feira (10), no empate por 2×2 contra o Canadá. No fim do ano passado, foi transmitida a final entre São Paulo x Corinthians pelo paulistão e o estádio de Itaquera lotado quase 30 mil pessoas só de torcida do Corinthians, mas possível ver jogadoras de ambos os times emocionadas com o prestígio da torcida.
Hoje temos 16 clubes na série A-1 do brasileirão, a maioria ainda não profissionalizou as atletas mas o caminho é que até o final de 2020 termine com todos profissionalizados. Outra medida tomada no ano passado foi a obrigatoriedade de todos os clubes da série A do masculino terem que formar um time feminino. Em 2020, foi a vez dos clubes da série B e assim por diante. No Rio Grande do Sul, a assembleia legislativa aprovou um projeto de incentivo ao futebol feminino, onde todas as empresas públicas patrocinadoras de clubes deverão destinar 5% da verba para o fomento da modalidade feminina. A lei já foi aprovada pelo governador do estado e em abril haverá cerimônia para a assinatura.
O último destaque é a candidatura para o Brasil sediar a Copa do Mundo de 2023. O país é um dos finalistas e o resultado deve sair em junho. No início de março dirigentes da Comissão Brasileira de Futebol, a CBF, foram até UEFA (Union of European Football Associations, em tradução livre União das Associações Europeias de Futebol) pedir apoio para a candidatura. Um dado interessante é que todos os dirigentes eram homens e a pergunta ficou no ar: Brasil quer sediar uma copa feminina sem mulheres na direção?
Até 2023 temos muito chão pela frente e o primeiro desafio é Tokyo 2020. Nós da CopaFemiNINJA seguiremos acompanhando de perto o futebol feminino e do mundo e torcendo para melhorias da categoria no país onde temos Marta eleita 6 vezes a melhor jogadora do mundo e maior goleadora, e Formiga a jogadora de todas as copas.