Portaria determina criação do assentamento de reforma agrária no Lote 96 em Anapu
Após anos de resistência no território e decisão Judicial para que assentamento seja criado na Gleba Bacajá, 2 lotes se tornam oficialmente assentamentos no município de Anapu
O lote 96, no município de Anapu, no Pará, se tornou legalmente um assentamento da reforma agrária. O Diário Oficial da União (DOU) de terça-feira, 28 de junho, publicou que foi aprovada “a proposta de destinação, para assentamento de agricultores, dos lotes 96 e 97 do imóvel rural denominado Gleba Bacajá (Parte)”. O assentamento, que já recebeu o nome de Dorothy Stang, será agroflorestal, e é resultado de luta e resistência dos trabalhadores e trabalhadoras rurais de Anapu.
Várias lideranças da região já sofrem ameaças e tiveram inclusive suas casas queimadas em um atentado provocado pelos fazendeiros locais. A área foi invadida e sofre pressão do agronegócio, e essa vitória foi possível por um esforço coletivo das lideranças e do Ministério Público Federal, que pediu a Justiça pela criação dos assentamentos, com resultado positivo, concretizado na DOU de terça-feira. Erasmo Theófilo e sua companheira Natalha, duas importantes lideranças na luta contra a grilagem, anunciaram que irão sair da área para garantir a segurança e integridade de suas famílias. Os trabalhadores e trabalhadoras rurais são ameaçados constantemente na Gleba Bacajá por grileiros e ditos proprietários rurais.
Anapu é a cidade tristemente conhecida no mundo todo pelo assassinato da irmã Dorothy Stang, religiosa defensora dos povos da floresta. Ela se tornou um símbolo de como a extrema violência na Amazônia não poupa a ninguém. Antes de sua morte, foram também executados a mando de fazendeiros o Padre Josimo, que coordenava a Comissão Pastoral da Terra, e a Irmã Adelaide, que estava a companhia do delegado sindical Arnaldo Dolcídio Ferreira, que sofreu um atentado que levou a morte da religiosa. O sindicalista sobreviveu, e foi assassinado sete anos depois. Essa vitória é também uma homenagem a ela e outros que morreram em defesa da Amazônia e seus povos.