Por Julia Pinheiro, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

A ginástica rítmica olímpica é uma categoria exclusivamente feminina devido à sua história e evolução ao longo do tempo. Originalmente, o esporte surgiu como uma forma de expressão artística e esportiva destinada especificamente às mulheres. A modalidade se desenvolveu a partir de movimentos graciosos, flexibilidade e habilidades corporais que tradicionalmente eram associadas às apresentações femininas.

Originada do ballet, a ginástica rítmica incorpora elementos de graça, postura e movimento fluido que são distintivos do mundo da dança clássica. Essa conexão não apenas definiu a técnica e a estética da ginástica rítmica, mas também estabeleceu uma base para a expressão artística na competição, onde a combinação de habilidades técnicas com uma apresentação elegante e emotiva é fundamental.

Isabela Chinelato de Araújo, no artigo científico “A Importância do Ballet Clássico Aplicado na Ginástica Rítmica”, discute a relação entre ballet e Ginástica Rítmica. “O ballet trabalha toda a base da consciência corporal para a execução da ginástica rítmica, desenvolvendo expressão corporal, musicalidade, postura e colocações corretas dos corpos nas formas que necessitam ser apresentadas”, afirma.

Portanto, historicamente a ginástica rítmica foi moldada em um contexto cultural que enfatizava elementos como características femininas ideais. Isso acabou influenciando as competições internacionais e os eventos esportivos organizados, nos quais a ginástica rítmica foi formalizada como uma disciplina esportiva exclusivamente para mulheres.

No contexto olímpico, a ginástica rítmica está oficialmente reconhecida e incluída nos Jogos Olímpicos como uma competição feminina desde Los Angeles 1984. No entanto, a ginástica rítmica masculina, que poderia envolver movimentos similares com aparelhos ou outras características específicas adaptadas ao estilo e habilidades dos homens, não é reconhecida nem incluída como uma categoria oficial nos Jogos Olímpicos.

As decisões sobre quais modalidades são incluídas nos Jogos Olímpicos são geralmente influenciadas por critérios como popularidade global, prática generalizada, infraestrutura competitiva, entre outros. A falta de desenvolvimento e competições internacionais estruturadas para ginástica rítmica masculina pode ter sido um fator limitante para seu reconhecimento e inclusão olímpica até o momento.

Além disso, para um esporte ser incluído no programa olímpico, é necessário ter uma federação internacional que desenvolva suas modalidades e respeite a Carta Olímpica, além de adotar o Código Mundial Antidopagem. As federações internacionais devem solicitar ao COI a inclusão de esportes no programa, sendo revisado a cada edição dos Jogos. A decisão final sobre inclusões ou exclusões é tomada pelo Comitê Executivo do COI, com a popularidade da modalidade sendo um critério significativo. A ginástica rítmica masculina não possui uma estrutura organizacional independente e não é amplamente praticada ou reconhecida internacionalmente.

Ginástica artística x ginástica rítmica

A ginástica artística e a ginástica rítmica são modalidades distintas no universo da ginástica. Na ginástica artística, os atletas competem em aparelhos como solo, salto sobre mesa, barras paralelas e trave de equilíbrio, destacando-se pela execução de acrobacias que exigem força, equilíbrio e coordenação. Já na ginástica rítmica, as ginastas realizam rotinas coreografadas com fita, bola, arco, maças e corda, enfocando expressão artística, graciosidade e sincronia entre gestos corporais e a manipulação elegante dos objetos.

Essas diferenças estruturais refletem não apenas nos tipos de movimentos e aparelhos utilizados, mas também nas normas e tradições estabelecidas ao longo do desenvolvimento de cada modalidade. Portanto, enquanto a ginástica artística permite a participação de atletas de ambos os sexos, valorizando principalmente a habilidade técnica e atlética, a ginástica rítmica mantém a tradição de participação exclusivamente feminina, enfatizando a elegância, a expressão artística e a precisão na manipulação dos implementos durante as apresentações competitivas.