Polícia investiga ameaças contra as parlamentares Bia Caminha e Lívia Duarte
Os agressores também ameaçaram realizar uma chacina
As parlamentares paraenses Lívia Duarte (PSOL) e Bia Caminha (PT) foram vítimas de ameaças de morte e ofensas racistas. Os agressores também ameaçaram realizar uma chacina, dizendo que iriam “chacinar todos cotistas, negros, índios, pardos, gays, lésbicas, trans e travestis que estiverem no caminho” (sic), em um trecho da mensagem. A polícia investiga o caso.
Embora a ameaça tenha sido relatada à deputada por e-mail antes do última quinta-feira (20), ela só divulgou as agressões após essa data, por motivos de segurança. Os agressores também fizeram referência à vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em março de 2018, afirmando que Lívia iria “visitar” Marielle.
A polícia também apura uma ameaça enviada via e-mail à vereadora Bia Caminha. O documento afirma que a parlamentar será “eliminada em breve” e se encontrará com Marielle Franco, em uma evidente manifestação de ódio e violência política.
Lívia é conhecida internacionalmente pelo seu trabalho como parlamentar e ativista antirracista. Recentemente, ela participou de um painel de discussão em Washington, nos Estados Unidos, sobre a agenda para os bancos multilaterais de desenvolvimento, a convite do Observer Research Foundation America (ORF America), um instituto independente de políticas públicas.
Apesar das ameaças, a deputada afirmou que não irá deixar de realizar seu trabalho na assembleia legislativa do Pará e que recebeu as agressões com coragem e resistência. Ela também enfatizou a importância de resistir ao medo e de devolver aqueles que promovem o ódio e a violência ao “lixo da história”.
Bia Caminha, de 21 anos, foi eleita vereadora mais jovem de Belém e é vice-presidente estadual do partido. A parlamentar se manifestou através das suas redes sociais, como destacou o Ação Afirmativa.
“Nós não vamos permitir virar refém do bolsonarismo, da extrema direita do nosso país, não vou virar refém de crime de ódio, vamos estar vai estar aqui lado a lado até a gente descobrir quem fez essa ameaça e essa pessoa se responsabilizada e punida segundo a gente no nosso país.”
Segundo dados da ONU Mulheres, 82 % das mulheres em espaços políticos já sofreram violência psicológica; 45% já sofreram ameaças; 25 % sofreram violência física no espaço parlamentar; 20%, assédio sexual; e 40% das mulheres afirmaram que a violência atrapalhou sua agenda legislativa.
Marielle Franco
Marielle Franco foi uma vereadora do Rio de Janeiro reconhecida por sua luta em defesa dos direitos humanos. Ela foi assassinada junto com o seu motorista, Anderson Gomes, ao sair de uma reunião com apoiadores, no dia 14 de março de 2018. O caso ainda não foi solucionado e os mandantes ainda não foram presos.
*Com informações do Brasil de Fato