O foro privilegiado do deputado garante que a abertura da investigação seja submetida ao Supremo Tribunal Federal (STF)

Foto: Agência Câmara

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está no centro de uma investigação conduzida pela Polícia Federal. O inquérito foi instaurado devido ao discurso de ódio contra professores, durante um evento pró-armamentista, em 9 de julho. As declarações de Eduardo Bolsonaro compararam professores a traficantes.

O foro privilegiado do deputado garante que a abertura da investigação seja submetida ao Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia Federal está, agora, empenhada em determinar possíveis crimes cometidos por Eduardo Bolsonaro, com base em suas palavras. Entre as hipóteses, o crime de incitação à violência contra os professores tem sido considerado, uma vez que suas declarações encorajam ações violentas.

Paralelamente, a Polícia Federal também abrirá investigação contra o deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES), presente no mesmo evento armamentista. Suas declarações, que incluíram críticas ao ministro Flávio Dino e defesa de trocas de tiros em favelas, também estão sob análise.

Nesta semana, a professora Nelice Pompeu, servidora da rede pública de ensino do estado de São Paulo, há mais de 30 anos, e integrante do Movimento Escolas em Luta, acionou o Ministério Público Federal (MPF) para que tome providências contra Bolsonaro. O discurso do congressista foi feito no domingo (9), durante o 4º Encontro Nacional do Proarmas pela Liberdade, que aconteceu em Brasília.

Violência

Para ela, o discurso de Eduardo Bolsonaro acaba estimulando, ainda mais, a violência dentro das escolas. “O que me chamou a atenção é que isso foi dito em um evento pró-armas, estimulando a violência, em um momento em que as escolas viveram muitas tragédias neste ano. As escolas estão presenciando uma escalada de violência absurda. Essa polarização, esse clima de ódio, esse clima de intolerância, acaba explodindo nas escolas”, alertou.

Violência que, segundo a professora, já vem em uma escalada crescente, nos últimos anos. “De uns anos para cá, com essa polarização que se criou na sociedade, piorou muito a questão de violência e agressão dentro das escolas e contra os profissionais professores. Tem também a questão da Escola sem Partido, esse movimento que acabou incutindo para a sociedade que o professor é um doutrinador, embora esse conceito não exista”.

“Será que ele sabe o que é trabalhar em situações precárias? Qual a moral de Eduardo Bolsonaro para atacar professor?”, comentou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que pediu a cassação do bolsonarista ao Conselho de Ética.