A chacina do Curió acabou resultando em 11 mortes, e os alvos foram escolhidos de maneira aleatória

Foto: Facebook/Máes de Curió

“Essa noite eu fiz valer o que eu prometi pro meu filho quando eu enterrei ele. Eu jurei pra ele que eu ia procurar justiça, e eu vi a justiça acontecer”. As frases foram ditas por Maria de Jesus, mãe de Renayson Girão da Silva, que tinha 17 anos e foi um dos 11 mortos na Chacina do Curió, em 2015.

O Tribunal do Júri de Fortaleza condenou quatro policiais do Ceará a 275 anos e 11 meses de prisão em regime fechado. As penas somadas chegam a 1.103 anos e oito meses. Eles são acusados de cometerem assassinatos e torturas na Grande Messejana para vingar a morte de um policial.

O julgamento de Marcus Vinícius Sousa da Costa, Antônio José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio apontou que eles agiram em vingança pela morte de um policial. As vítimas foram escolhidas de maneira aleatória.

“Essa é uma resposta dada, e essa vitória não é exclusivamente do movimento Mães do Curió. Não, essa vitória é da periferia. É do nosso povo periférico, é dos nossos jovens”, afirmou Edna Carla Cavalcante, mãe do adolescente Álef Souza, que tinha 17 anos ao ser assassinado na chacina, ao G1.

O Ministério Público do Ceará denunciou 45 policiais militares, sendo aceita a denúncia contra 44. Outros acusados ainda serão julgados em agosto e setembro, totalizando 16 réus que enfrentarão o tribunal.

Após um longo processo com mais de 60 horas de depoimentos e deliberações, os réus foram considerados culpados por diversos crimes, incluindo homicídios qualificados, tentativas de homicídio e casos de tortura física e mental. Cada um deles recebeu uma sentença de 275 anos e 11 meses de prisão em regime fechado.

Entenda

De acordo com os autos, na noite de 11 de novembro de 2015 e na madrugada do dia seguinte, em diferentes ruas da região da Grande Messejana, 11 pessoas foram mortas, três sofreram tentativa de homicídio e quatro foram vítimas de tortura. O Ministério Público do Ceará denunciou, no início, 45 policiais militares, sendo aceita a denúncia contra 44.

No decorrer do processo, a Justiça, por meio da 1ª Vara do Júri de Fortaleza, impronunciou 10 acusados – conforme os autos, nas circunstâncias avaliadas, não existiam indícios suficientes de autoria para submetê-los a julgamento. Restaram, portanto, 34 réus, divididos em três processos, já que a ação principal foi desmembrada para dar mais agilidade ao julgamento. Com o desmembramento, duas ações ficaram com oito réus, cada, e a outra, com 18 acusados.

Foram mortos na chacina Antônio Alisson Inácio Cardoso; Jardel Lima dos Santos; Pedro Alcântara Barrozo do Nascimento Filho; Alef Souza Cavalcante; Renayson Girão da Silva; Patrício João Pinho Leite; Francisco Elenildo Pereira Chagas; Jandson Alexandre de Sousa; Marcelo da Silva Mendes; Valmir Ferreira da Conceição; e José Gilvan Pinto Barbosa.

*Com informações do G1