PMs acusados de matar adolescente com choques elétricos em SP são absolvidos
O Instituto Médico Legal revelou mais de 30 lesões no corpo do jovem, todas atribuídas às descargas elétricas sofridas
Quatro policiais militares acusados de torturar até a morte o adolescente Carlos Rodrigues Júnior, em dezembro de 2007, deixou muitas questões em aberto e provocou intensa comoção na cidade de Bauru, no interior de São Paulo. O júri popular, após intensos debates e deliberações, absolveu os réus Roger Marcel Vitiver Soares de Souza, Emerson Ferreira, Juliano Arcangelo Bonini e Maurício Augusto Delasta da acusação de homicídio com uso de tortura e uso de meio que dificultou a defesa da vítima.
Na madrugada de 15 de dezembro de 2007, os PMs foram até o Núcleo Mary Dota em busca de uma motocicleta roubada. Na sequência, invadiram a residência onde o adolescente residia. As alegações apontam que Carlos Rodrigues Júnior foi brutalmente torturado com descargas de choque elétrico pelos policiais. Horas depois, o jovem de 15 anos veio a falecer após dar entrada no pronto-socorro central da cidade.
O Ministério Público afirma que o adolescente foi imobilizado, algemado e submetido a agressões elétricas com o intuito de extrair uma confissão sobre o roubo e o paradeiro da suposta arma utilizada no crime.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML), emitido em 18 de dezembro de 2007, revelou mais de 30 lesões no corpo do jovem, todas atribuídas às descargas elétricas sofridas. Embora inicialmente os cinco policiais tenham sido detidos, posteriormente passaram a responder ao processo em liberdade.
O desfecho do julgamento, com a absolvição dos réus por negativa de autoria, gerou um misto de indignação e perplexidade na comunidade local. Familiares da vítima e grupos de direitos humanos manifestaram repúdio à decisão do júri, clamando por justiça e reforçando a necessidade de responsabilização dos envolvidos.
O advogado de defesa dos policiais, por sua vez, argumentou durante o julgamento que não havia provas contundentes que ligassem os réus ao crime, ressaltando supostas fragilidades na investigação e na condução do caso.
Ainda cabe recurso por parte do Ministério Público em relação à decisão do júri, mantendo viva a esperança de que, mesmo após anos de luta por justiça, a verdade sobre a morte de Carlos Rodrigues Júnior possa ser devidamente esclarecida e os culpados, responsabilizados.