O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, inaugurou a 16ª edição da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, a COP16, que acontece em Cali. Em seu discurso, ele culpou a queima de combustíveis fósseis e as grandes potências que mais geram emissões de gases de efeito estufa pela crise climática. Entre eles, disse ele, estão as economias do gás, do carvão e do petróleo, como os Estados Unidos, a China e a Europa.

Como seria de esperar, em grande parte do seu discurso, Petro referiu-se à necessidade de repensar outro modelo econômico diante dos delegados dos mais de 190 países e mais de 1700 pessoas reunidas em Cali.

O presidente da Colômbia reiterou que é preciso mudar as “finanças globais”, porque hoje “estão ligadas à ganância, ou seja, à morte”.

Além disso, o presidente Petro aproveitou a sessão plenária para atacar o magnata Elon Musk, a quem atribui – juntamente com as pessoas mais ricas do mundo – a culpa pela deterioração do meio ambiente e pelo fortalecimento de fontes que atacam a biodiversidade e causam as crises climáticas.

“Todos sabemos que a inteligência artificial se expande sem regulação humana, sem regulação construída por todas as pessoas do mundo. Uma inteligência artificial que hoje utiliza energias sujas e fósseis… Existem alguns ricos poderosos que hoje sonham, donos de redes e inteligências sem vida, em escapar para Marte em suas naves de sonho, deixando sua culpa na terra destruída”, disse Petro referindo-se a Musk.

Mas Musk não foi o único alvo de críticas. O presidente colombiano afirmou que para enfrentar a perda de biodiversidade biológica é necessário deixar para trás o neoliberalismo. Foi assim que começou o seu interrogatório ao presidente Javier Milei, da Argentina.

“A liberdade do mercado não leva à maximização do bem-estar. A liberdade comercial que pregam leva à escravidão máxima, leva a vida a ser acorrentada, a própria vida está condenada a desaparecer. Aqueles que gritam ‘Liberdade!’ hoje são traficantes de escravos que levam seres humanos e seres vivos ao mercado para venda. O comprador é um espectro da morte”, acrescentou.

Além do presidente colombiano e do ministro do Meio Ambiente, a lista de palestrantes foi composta pelo ministro da Ecologia e Meio Ambiente da República Popular da China, Huang Runqiu, que foi presidente da COP15, e Dilian Francisca Toro, o governador do Valle de Cauca, cuja capital é a cidade de Cali. Além disso, houve uma apresentação artística de diversos representantes das comunidades indígenas e locais da Colômbia.

Sobre a cerimônia

As comunidades étnicas foram protagonistas. Antes do presidente e dos ministros, foram as comunidades indígenas que intervieram. Orlando Rayo, conselheiro maior do Cric, deu as primeiras palavras. Em seguida, ocorreu o ato cultural “Da Água e da Terra”, com representações dos povos Wayú e Arhuaco, cantos interpretados por artistas do Pacífico e uma apresentação de dança contemporânea, ambientada com música e vídeos alusivos à biodiversidade.

Asim, artistas de todo o mundo se uniram para cantar canções em referência à água, melodias que foram sentidas fortemente por uma terra que arde por causa dos incêndios e das altas temperaturas.

“A Mãe Terra também está ferida pela sua ferida, pela sua destruição, pela sua poluição. Irmãos de todas as nações, façamos um esforço para salvar a terra”, foi a mensagem dos povos indígenas.

A cúpula da biodiversidade em Cali dá as boas vindas ao mundo com a eterna flor da inírida, como um chamado para melhorar a relação com o meio ambiente.

Assim, a diversidade do país uniu-se em uníssono para apelar à restauração e conservação da natureza global.

Acompanhe a cobertura colaborativa da Midia NINJA junto com os Festivales Solidarios (Guatemala) e Emergentes Medio (Argentina) desde a COP 16.