Petro denuncia golpe de Estado e pede mobilização de organizações sociais
A acusação do presidente colombiano surge depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter decidido abrir uma investigação contra ele e a sua equipa de campanha por alegadas irregularidades
“O golpe de estado começou”. Com essa frase contundente, Gustavo Petro denunciou que querem tirá-lo da presidência da Colômbia. Disse isto após a decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de “abrir uma investigação e apresentar queixa contra a campanha” do presidente em 2022 por alegadas irregularidades no seu financiamento.
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), César Lorduy, anunciou a resolução considerando que Petro, como candidato; o seu gestor de campanha, Ricardo Roa, e outros membros da sua equipa devem responder “pela alegada violação do regime de financiamento das campanhas eleitorais”, uma vez que se suspeita que ultrapassaram os limites de gastos estabelecidos e recorreram a fontes proibidas.
Deve-se notar que, de acordo com o sistema colombiano, nenhuma outra autoridade além do Congresso pode investigar um presidente da República em exercício.
“Todas as organizações populares do país devem formar uma assembleia permanente. Chegou o momento da mobilização generalizada do povo colombiano. O presidente constitucional da Colômbia eleito pelo voto popular ordena à força pública que não levante uma única arma contra o povo”, afirmou o presidente.
A investigação
A decisão da CNE está em linha com a apresentação que apelou à acusação da campanha do Presidente Petro por alegada violação dos limites de despesa.
Segundo o comunicado lido por Lorduy, o Plenário da CNE “decidiu por maioria abrir uma investigação e apresentar acusações contra a campanha presidencial de primeiro e segundo turnos da coligação Pacto Histórico, representada pelos cidadãos Gustavo Francisco Petro Urrego, candidato; Ricardo Roa Barragán, gerente de campanha; Lucy Aydee Mogollón Alfonso, tesoureira; María Lucy Soto Caro e Juan Carlos Lemus Gómez, auditores.
Segundo a CNE, a campanha presidencial do Petro não informou aquela entidade em suas contas das contribuições para o primeiro turno eleitoral, realizado em 29 de maio de 2022, da Federação Colombiana de Educadores (Fecode), do partido Polo Democrático Alternativo e da União Sindical Obrera (USO), nem despesas com pagamento a testemunhas eleitorais e de propaganda, entre outras.
Em relação ao segundo turno eleitoral, realizado em 19 de junho de 2022, a campanha de Petro, segundo a CNE, também teria violado “o limite de gastos no valor de 1.646.386.773 pesos (cerca de 389.541 dólares hoje)”.
Este dinheiro supostamente veio de doações do partido Colômbia Humana e da USO e presume-se que tenha sido gasto em pagamentos para a festa de comemoração de sua eleição presidencial, para testemunhas eleitorais e em transporte aéreo, entre outros.