Pesquisadores brasileiros vão testar os efeitos do aumento de CO2 na floresta Amazônica
Experimento do INPA e Unicamp analisa o impacto em áreas que tenham 50% a mais de CO2 na atmosfera em relação à concentração atual.
Por Eduardo Campanelli
Uma parceria entre o Instituto Nacional de pesquisas da Amazônia (INPA), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o MetOffice (serviço nacional de meteorologia do Reino Unido) está realizando um experimento inédito na Amazônia: um estudo sobre os efeitos de altos níveis de CO2 na vegetação da floresta, o AmazonFACE (FACE é a sigla para free-air CO2 enrichment, “enriquecimento de CO2 ao ar livre”). Este estudo fará com que pequenos pedaços da floresta tenham 50% a mais de CO2 na atmosfera em relação à concentração atual.
Neste sentido, é importante entender que o algoritmo é um projeto do programa AmazonFACE e o FACE é o experimento de enriquecimento de CO2. O algoritmo é um modelo matemático que faz previsões, baseados nos dados que temos da natureza até hoje. Já o experimento vai testar os efeitos de CO2 na floresta amazônica (os efeitos das mudanças climáticas), através da tecnologia FACE.
O estudo já foi realizado em outras florestas, porém esses ecossistemas eram jovens, geralmente com apenas uma espécie de árvore. Outros estudos, com ecossistemas mais maduros estão sendo feitos em florestas da Inglaterra e da Austrália, porém o estudo brasileiro é o primeiro a ser feito em um ambiente tropical de alta biodiversidade.
O estudo é feito da seguinte forma: seis grandes estruturas, chamadas anéis, serão montadas, contando com 16 torres de 35 metros dispostas em um círculo de 30 metros, cada uma cercando um grupo de árvores. Três anéis dispersarão continuamente ar enriquecido com CO2. As outras três estruturas funcionarão como o grupo de controle, dispersando ar do ambiente, sem o enriquecimento (o grupo de controle é necessário para que se possa analisar somente os efeitos do CO2 nas plantas, descartando a influência do vento soprado no experimento). Seis guindastes que estão sendo usados para a montagem dos anéis, permanecerão no local durante o estudo para auxiliar os cientistas na análise das copas mais altas das árvores. O maquinário ainda possui um computador que analisa as condições climáticas e calcula a dispersão do ar em consideração a direção e velocidade do vento.
O CO2 extra aumentará a fotossíntese feita pelas plantas, consequentemente aumentando a quantidade de carboidratos produzidos por elas. Os cientistas querem descobrir o que as plantas farão com aumento energético, podendo usá-lo para engordar seus troncos (o que seria bom pois retiraria do ar e armazenaria por um longo tempo o poluente) ou somente para produzir mais folhas (que possuem uma longevidade pequena e não armazenam o poluente por muito tempo).
Além disso, eles querem descobrir o impacto da mudança no ciclo da água e a transpiração das plantas, o que pode afetar a quantidade de chuva que essas árvores geram.
A pesquisa será importante para analisar como o aquecimento global nos afetará e também permitir uma antecipação na criação de medidas para diminuir as suas consequências.
Até o final de 2024, todas as torres estarão concluídas, e a pesquisa deve ter uma duração de 10 anos.