Por Cristiane Martins e Gabriela Nascimento

A Copa do Mundo Feminina de Futebol teve início no último dia 20 de julho e está em sua nona edição. Ao contrário das copas anteriores, nesta edição a Federação Internacional de Futebol (FIFA) realizou algumas mudanças, como o aumento do número de equipes que de 24 foi para 32 seleções participantes que brigarão pelo título do Mundial neste ano.

Em 2007 a FIFA proibiu que jogadoras utilizassem chapéus, incluindo hijabs, durante as competições. O argumento utilizado para essa proibição foi de que a FIFA estaria pensando na segurança das atletas. Além disso, uma das federações que ainda mantém o veto do uso da vestimenta é a da França, que ressaltou no dia 29 de junho, em votação da justiça, a questão política e religiosa na proibição, já que o país conta com leis que proíbem qualquer “sinal ou roupa que mostre claramente afiliação política, filosófica, religiosa ou sindical”, segundo uma primeira lei de 2004.

Foto: Reprodução / FIFA

Porém, assim como o aumento das seleções participantes da Copa, ocorreu também a permissão para usar o hijabs durante as partidas. Esse avanço foi visto como um passo importante na conscientização sobre a necessidade de criar espaços mais receptivos para as mulheres muçulmanas no futebol. Depois das leis de proibição da França, nasceram grupos como o de jogadoras de futebol chamado Hijabeuses que se apresentam como um “coletivo de mulheres, muçulmanas e atletas, usando véu ou não, que lutam pelo direito de jogar futebol competitivo. Com a intenção de que a FFF altere os seus estatutos para permitir o acesso ao futebol para todos.”

Grupo Hijabeuses. Foto: Divulgação

Diante desse cenário, foi noticiado que teríamos a atleta Nouhaila Benzina fazendo história na Copa do Mundo, e sendo a única jogadora da competição que participará dos jogos usando o hijab. A zagueira de 25 anos mostrou talento jogando pela seleção sub-20 do Marrocos e joga atualmente não só na seleção principal como também no Royal Army Football Club de Marrocos.

Através do Twitter, a FIFA comentou com entusiasmo o ato da zagueira: “Nouhaila Benzina fará história na Copa do Mundo Feminina da Fifa na Austrália e Nova Zelândia em 2023. A estrela marroquina será a primeira jogadora a competir no torneio vestindo um hijab.”

Esse avanço foi um marco importante na copa feminina de futebol, apesar das desigualdades enfrentadas pelas mulheres em comparação a modalidade masculina. Essa mudança trouxe esperanças de mais crescimento para a modalidade feminina. Além disso, vamos poder ver a árbitra Heba Saadieh, a primeira palestina a apitar em uma copa do mundo feminina, que também estará utilizando o hijab.

Foto: Reprodução / FIFA

Ver Benzina em campo usando seu hijab, mesmo o item não sendo obrigatório no Marrocos, mostra como a crença e o futebol não impedem um ao outro. A estreia de sua seleção pelo torneio foi nesta segunda, 24 de julho, em jogo contra a Alemanha pelo grupo H que terminou em 6×0 para as alemãs.

A atleta não estreou junto de sua seleção e permaneceu no banco de reservas durante a partida, mas podemos esperar vê-la em campo para que mais uma história seja feita durante essa Copa.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube