Passado obscuro de um dos candidatos ao governo do Espírito Santo vem à tona durante a campanha
Carlos Manato tem histórico de envolvimento com organização criminosa, incitação a atos ilícitos e omissão à violência contra a mulher
A disputa ao governo do Espírito Santo vem chamando a atenção nos últimos dias, desde que fatos sobre o passado de um dos candidatos vêm sendo deflagrados pela mídia local. Entre eles, a ligação com uma das organizações criminosas mais perigosas da história do Estado, os indícios de coordenação aos atos de paralisação da PM no Espírito Santo em 2017, e a negligência a situações de violência contra a mulher entre parte de sua equipe, são as acusações mais graves. Apesar das informações não serem atuais – muitas delas já haviam sido relatadas pela imprensa em outras épocas -, acusações mais recentes vão reiterando a importância desses fatos.
Nas últimas semanas, voltou a circular matéria de 2019 do portal Jornalistas Livres que contém a ficha de filiação de Carlos Manato à Scuderie Detetive Le Cocq, uma das mais temidas organizações do crime organizado no Espírito Santo, existente até início dos anos 2000. Conhecida como esquadrão da morte, a organização foi responsabilizada por mais de 1.500 crimes e foi um dos principais meios de aparelhamento das instituições capixabas principalmente entre os anos 80 e 90. A justiça afirma que, à época, a entidade abrigou e protegeu pessoas acusadas de pistolagem, tráfico de drogas e roubos a bancos, a partir da proteção de infiltrados na política e na justiça, tendo como fachada ações de filantropia.
Carlos Manato também é citado pela imprensa por estar na coordenação dos movimentos de greve realizados pelos Policiais Militares em 2017 no Espírito Santo. A paralisação durou 21 dias, levando pânico à população e obrigando comércios a se manterem fechados. O caos instalado aumentou em 134% as mortes no Estado, e colocou novamente o Espírito Santo nos noticiários policiais de todo o Brasil.
O candidato é acusado por uma ex-mulher de um de seus assessores de incitar o movimento, usando como escudo esposas de policiais, para ganhar visibilidade entre a população, conforme publicado no jornal A Tribuna no último dia 19, mas a associação do candidato com o movimento grevista da PM já havia sido citada em 2017 por portais como Congresso em Foco e Folha de São Paulo.
A mesma mulher que aponta envolvimento de Manato na paralisação da Polícia Militar, afirma ter sido vítima de violência doméstica pelo seu ex-marido, assessor do candidato até os dias de hoje. Nesta semana, durante debate, Carlos Manato admitiu ter ciência da existência de um agressor em sua equipe, e também confirma que negligenciou a gravidade dos fatos, dizendo que o assunto não é problema dele.