Nesta sexta-feira, 08, aconteceu o Ato Parque do Bixiga, para protocolar um recurso no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) contrário à aprovação da construção das torres fruto de especulação imobiliária da Sisan (Grupo Silvio Santos) no bairro do Bixiga, em São Paulo.

Há pelo menos 30 anos, o Grupo Silvio Santos compra imóveis tombados – patrimônios públicos e históricos – ao redor do Teatro Oficina para construir empreendimentos imobiliários. O primeiro deles foi um shopping center que não foi aprovado, e agora estão tentando emplacar um mega empreendimento imobiliário com 3 torres de aproximadamente 100m de altura com apartamentos de alto padrão.

O recurso protocolado por Marília Gallmeister, arquiteta cênica e associada da Associação Teatro Oficina Uzina Uzona, é parte de um processo que está em andamento há quase 40 anos para salvar este terreno, que é um dos últimos vazios no centro de São Paulo, e evitar os possíveis impactos que um empreendimento deste porte pode ocasionar na região.

Fotos: Mídia NINJA

O recurso será analisado pelo IPHAN de São Paulo e encaminhado ao IPHAN de Brasília. A expectativa é que ele volte a ser analisado com toda a complexidade que o processo exige, posto que é polêmico e tem uma repercussão internacional.

“É muita coisa que está em jogo, que está protegida por lei e que não pode ser massacrada nem impactada pela construção desse mega-empreendimento”, diz Marília Gallmeister. O recurso já foi aprovado pelo Condefat, mas precisa passar pela aprovação do Conpresp – órgão responsável pelo tombamento do Bairro do Bixiga incluindo mais de 900 imóveis, população residente, traçado urbano, o valor ambiental, entre outros fatores.

A alternativa para a construção desse empreendimento é o Parque do Bixiga. O espaço, que está localizado em cima do Rio do Bixiga, conta com um pomar, vegetação originária de São Paulo e começou a se desenhar como pulmão do bairro. O Movimento do Parque do Bixiga tem apoio da população, artistas e arquitetos do Brasil e de todo o mundo.

 

Foto: Mídia NINJA

Em solidariedade ao ato, aconteceu também uma manifestação da EMEI Angela Martino. As crianças se reuniram com a coordenadora Elisangela Procópio para um abraço simbólico no terreno em disputa. Elas entregaram poesias que falam sobre crianças e gritavam: “Queremos um parque!”

No final de 2017, um “abraçaço” convocado pelo Teatro Oficina contra as torres no Bixiga reuniu mais de 1500 pessoas.

 

Foto: Mídia NINJA