Parlamento Trans: deputadas que fazem a diferença no legislativo
Erica Malunguinho, Erika Hilton e Robeyoncé Lima são as deputadas transexuais eleitas em 2018 demonstrando o avanço na representatividade do legislativo e a resistência dos corpos LGBT nos espaços de institucionalidade política.
Por Victória Henrique
Nesta semana, a Câmara dos Deputados recebeu o XVI Seminário LGBTI+ do Congresso Nacional. O evento contou com a participação de lideranças políticas transexuais como Robeyonce Lima, Erika Hilton e Erica Malunguinho. Elas conversaram conosco e falaram sobre a importância da comunidade LGBTI+ ocupar cada vez mais espaços na política. Em uma época em que o governo atual se mostra assumidamente conservador e LGBTfóbico, um acontecimento como esse é um recado direto para aqueles que promovem o apagamento das identidades das minorias sociais que gera consequências brutais e muitas vezes irreparáveis.
O crescimento da necessidade de ter pluralidade de vozes dentro do Congresso gerou a candidatura, no ano passado, de Érica Malunguinho. Ela é hoje a primeira mulher negra transexual eleita para Assembleia Legislativa de São Paulo. “Ter pessoas que participam da real diversidade do mundo presentes nos espaços de decisão significa efetivamente legislar e pensar políticas para todxs”, afirma a parlamentar.
Para Malunguinho, pensar em novas disputas institucionais é projetar um novo marco civilizatório onde os indivíduos devem ser respeitados e sobretudo representados em ambientes significativos. Pode-se dizer que a reformulação das bancadas políticas através de eleições das minorias na Câmara é o primeiro passo para o fortalecimento de um sistema democrático que garanta minimamente os direitos básicos dessas parcelas populacionais. E essa atitude não significa pensar somente em determinados grupos, mas sim refletir sobre a urgência de um novo retrato de sociedade onde caibam todos. Malunguinho é enfática ao dizer que a discussão transcende os debates sobre LGBT’s, negres e mulheres, mas envolve também o processo de emancipação coletiva.
Já hoje, declarações preconceituosas que marginalizam e criminalizam setores da sociedade e que são comumente ditas pelo governo de Bolsonaro enfrentam resistências. Um exemplo, é a frente das três representantes transexuais eleitas nas assembleias legislativas do país. De acordo com a deputada Erika Hilton, esse é o momento mais pertinente para a construção de lutas que possam combater todos os retrocessos e as ameaças que Bolsonaro e João Dória, governador de São Paulo, representam para os grupos mais vulneráveis.
Junho, o mês do Orgulho, que rememora os 50 anos de Stonewall, ensinou muito sobre coletividade que deve ser pauta central da política e cerne para a estruturação de uma nova mentalidade. Segundo Robeyoncé Lima, a luta se torna muito mais potente quando “estamos juntxs” e que é a partir de enfrentamentos que será possível a comunidade LGBTI+ ter a sua dignidade plenamente conquistada.