Por Cláudia Naoum

O Comitê Olímpico Internacional está fazendo um grande esforço para oferecer em Paris um ambiente seguro a todos os participantes, em especial, os atletas.

Uma dessas ações usa a Inteligência Artificial para monitorar mensagens abusivas nas redes sociais. Essa iniciativa é uma parceria entre a Comissão de Atletas do COI e a Comissão Médica e Científica do COI, que tem como foco proteger atletas e funcionários de conteúdo discriminatório que circula em plataformas digitais.

“O esporte e as mídias sociais estão intrinsecamente ligados. Em Paris 2024, esperamos cerca de meio bilhão de postagens em mídias sociais”, disse Kirsty Burrows, Chefe da Unidade de Esporte Seguro do COI, no lançamento da Agenda Olímpica de IA. 

O sistema de IA fará a vigilância em tempo real em mais de 35 idiomas de milhares de contas durante as Olimpíadas e Paraolimpíadas. Será a primeira vez em que essa tecnologia será usada para fornecer espaços online seguros para um número tão grande de atletas competindo em tantos esportes ao mesmo tempo.

As ameaças identificadas serão sinalizadas, para que as mensagens abusivas possam ser tratadas de forma eficaz pelas plataformas de mídia social – em muitos casos, antes mesmo que o atleta tenha a chance de ver o abuso.   

Riscos e Desafios

Um dos grandes desafios para garantir essa proteção é garantir com que a IA faça a distinção precisa entre conteúdo nocivo e publicações benignas. Como se trata de um universo multicultural com diferentes linguagens e nuances, pode ser que a IA não consiga interpretar, por exemplo, uma ironia ou algo do tipo, e acabe barrando discursos legítimos.

Outra questão que gera controvérsias é com relação aos direitos de privacidade, já que estamos falando de vigilância em tempo real realizada pelo governo francês.

Busca pela saúde mental

Essa ação demonstra uma clara compreensão da influência das mídias sociais na cultura esportiva. Cada vez mais vemos exemplos de como a saúde mental dos atletas deve ser tratada com a mesma seriedade que a sua saúde física. Estrelas do esporte, como Simone Biles, da ginástica artística, Naomi Osaka, do tênis, Gabriel Medina, do Surf, são casos recentes de como essa questão afeta o seu desempenho nos esportes.

“Acho que a saúde mental é mais importante nos esportes nesse momento. Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos.” – disse Simone Biles, nas Olimpíadas de Tóquio 2020, quando  se retirou no meio da competição.

Foto: REUTERS/Mike Blake

O uso de um sistema de IA para combater a discriminação durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024 representa um passo significativo para promover a proteção e o bem-estar na arena esportiva. Se realizada de forma eficaz, pode garantir uma atmosfera mentalmente segura para os atletas.