Por Joyce Maia, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

Foi dada a largada das Paralimpíadas de 2024 com uma cerimônia de abertura memorável e emocionante, repleta de arte, cor e diversidade, em Paris. A Cidade da Luz foi contagiada com a caminhada dos atletas pela avenida Champs-Élysées rumo à Praça La Concorde. A noite foi finalizada com a chama da pira paralímpica acesa iluminando toda a cidade e marcando o início dos jogos.

O curta-metragem protagonizado pelo nadador francês Théo Curin, que competiu nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, iniciou as apresentações do evento. Théo foi apresentado ao volante de um táxi decorado com dezenas de miniaturas do mascote das Paralimpíadas, a Phryges. 

Em seguida, La Concorde foi palco de uma impressionante representação com o tema “Paradoxo”. A performance destacou a transição entre resistência e desejo, mostrando que as diferenças podem ser abraçadas e que a sociedade pode progredir contra o capacitismo.   

140 dançarinos vestidos de preto, simbolizando a rigidez e a exclusão que cercam as pessoas com deficiência. Em contrapartida, 16 dançarinos com deficiência, vestidos em roupas coloridas e leves, trouxeram uma explosão de cor e movimento ao evento, representando a liberdade e a potência que a integração pode proporcionar. No fim, os dois grupos opostos se unem em conciliação. 

Christine and the Queens, a artista francesa renomada, fez uma performance especial com uma nova versão da icônica canção “Non, je ne regrette rien”, de Édith Piaf. Sua interpretação moderna do clássico não apenas prestou homenagem à música francesa, mas também alinhou-se com o tema da celebração da vida e da inclusão. A apresentação foi uma das muitas que evidenciaram a evolução dos dois grupos – aqueles representados inicialmente em preto e branco e depois transformados em um mar de cores.

As 168 delegações presentes chegaram ao desfile acompanhadas de explosões de fumaça com as cores da bandeira francesa (vermelho, branco e azul), enquanto aviões da Patrouille de France sobrevoavam o céu. O Brasil desfilou liderado por Gabriel Araújo e Beth Gomes, atletas da natação e atletismo, respectivamente. Sendo esses os esportes que mais trouxeram medalhas para o país. 

Gabrielzinho (22), diagnosticado com Focomelia, uma doença congênita, ganhou três medalhas, incluindo 3 de ouro, na sua estreia em Tóquio (2020). Já Beth (59), diagnosticada com esclerose múltipla, foi medalhista de ouro na categoria F52 do lançamento de disco, também em Tóquio (2020). O Brasil chega a Paris com sua maior delegação em edição fora do País. São 280 atletas. 255 com deficiência. 

O espetáculo continuou com uma apresentação emocionante intitulada “Minha habilidade”, que ressaltou a aceitação e a celebração das deficiências como parte integral da identidade dos atletas e da sua relação com o esporte. seguido pelo hasteamento da bandeira francesa e discursos das autoridades que evocaram os valores da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador, e Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, fizeram discursos sobre coragem e determinação dos atletas. 

A cerimónia terminou com o acendimento da pira paralímpica, um momento de grande impacto visual e simbólico. A tocha, carregada por 12 atletas medalhistas de ouro em edições passadas, acendeu suas chamas ao som do Bolero de Ravel, e foi colocada na base do balão que também recebeu o fogo olímpico.

A abertura das Paralimpíadas 2024 não apenas celebrou o início dos Jogos, mas também enviou uma mensagem clara de celebração da diversidade. Com 4.400 atletas competindo até o dia 8 de setembro, o evento é um marco na promoção da equidade e humanização das pessoas com deficiência, visto que o esporte é uma das principais ferramentas para o fomento à inclusão.