O Boi Caprichoso encerrou a primeira noite do Festival de Parintins 2025 com uma apresentação marcada por forte conteúdo político, visual impactante e apelo à ancestralidade. Com o tema “É Tempo de Retomada”, o boi azul levou à arena um manifesto pela demarcação de terras indígenas e pela valorização dos saberes tradicionais da Amazônia, reforçando a conexão entre cultura e luta por direitos.

A apresentação começou com a imponente alegoria da lenda amazônica “Yurupari”, de onde emergiu a cunhã-poranga Marciele Albuquerque, caracterizada como um gavião. Ao lado do pajé Erik Beltrão, ela evoluiu com imponência e emoção, abrindo a noite para um espetáculo repleto de simbolismos. O apresentador Edmundo Oram e o levantador de toadas Patrick Araújo — que manteve a tradição de pisar descalço no bumbódromo — deram o tom épico da entrada do Caprichoso.

Um dos momentos mais emblemáticos foi o ritual indígena com o tema “Ritual Tupinambá: A Retomada da Verdade Originária”, que reuniu representantes dos povos originários da Amazônia em uma encenação que clamou pela demarcação da Terra Indígena Tupinambá, na Bahia. Faixas com dizeres como “Nossa retomada é ancestral” tomaram conta da arena, enquanto o manto tupinambá do século XXI era erguido em ato simbólico.

A apresentação também homenageou mulheres da floresta com a alegoria “Majés, as Senhoras da Cura”, dedicada às guardiãs dos saberes medicinais e da saúde tradicional das comunidades amazônicas. Já nos minutos finais, a figura de uma onça voadora surpreendeu o público ao sobrevoar o bumbódromo e trazer à arena a porta-estandarte Marcela Marialva, em meio à interpretação da toada “Mothokari”.