Para onde vão os atletas nordestinos de alto desempenho?
Muitos dos atletas da região seguem carreira em outras regiões brasileiras ou no exterior.
Por Jhessyka L. P. Fernandes, para Cobertura Colaborativa Paris 2024
Igualdade no esporte: a contribuição nordestina para as Olimpíadas de Paris
A região Nordeste e a Sul empataram na representatividade de atletas titulares nas Olimpíadas de Paris, com 41 atletas cada. Essa coincidência pode ser associada ao fator populacional. Com mais de 54 milhões de habitantes, o Nordeste é a segunda região mais populosa do Brasil, atrás do Sudeste, que tem 84 milhões. Em termos de densidade demográfica, o Nordeste ocupa o terceiro lugar, com 35,2 habitantes por quilômetro quadrado.
Comparando com as regiões Norte e Centro-Oeste, o Nordeste teria três vezes mais chances de enviar atletas aos Jogos, considerando apenas o fator populacional, já que as três regiões não são consideradas polos esportivos estruturais, liderados pelo Sudeste e Sul. Mesmo assim, o Nordeste se destaca como uma grande potência esportiva, enviando atletas de alto desempenho para outras regiões e até para o exterior.
A falta de uma educação de qualidade pode ser prejudicial ao desenvolvimento de atletas, pois educação e esporte são fundamentais para o crescimento social e cognitivo, afastando-os de atividades prejudiciais e oferecendo melhores oportunidades profissionais.
Mauro Silva, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e campeão mundial em 1994, compartilha sua experiência com o portal da Academia Nacional de Direito Desportivo. Durante sua juventude, sua mãe, viúva e mãe de três filhos, achava imprescindível que ele não abandonasse os estudos. Silva enfatiza a importância da educação na formação de um atleta: “A formação integral que tive no clube me permitiu alcançar níveis de desenvolvimento como atleta de alto rendimento, culminando no Mundial, o auge da carreira de um jogador de futebol”, relata. Sua trajetória destaca como a combinação de educação e esporte pode levar a grandes conquistas.
Premiado com a Bola de Ouro do Campeonato Brasileiro de 1991, Silva afirma que, sem educação, não teria conquistado suas vitórias no esporte, por acreditar que esporte e educação caminham juntos para um futuro melhor.
O destino dos atletas nordestinos de alto desempenho
Conforme o Guia Time Brasil do Comitê Olímpico do Brasil (COB), muitos atletas nordestinos titulares nas Olimpíadas de Paris representam instituições situadas nas regiões Sul e Sudeste. Outros seguem carreira no exterior. Esse êxodo é principalmente devido à falta de investimentos em infraestrutura esportiva, eventos competitivos e apoio financeiro, levando atletas a buscar melhores oportunidades fora de sua terra natal. A pandemia agravou essa situação, dificultando o acesso ao esporte e à educação, afetando os planos de formação continuada.
Apesar das dificuldades na educação e no esporte, o Nordeste continua conquistando grandes feitos. Nos jogos de Tóquio (2021), quatro das sete medalhas de ouro do Brasil foram para atletas nordestinos. Em Paris, já foram conquistadas duas medalhas de bronze: uma por Beatriz Ferreira, no boxe, representando Salvador (BA), e outra por Rayssa Leal, do street skate feminino, nascida em Imperatriz (MA). Em uma região que, apesar dos avanços, ainda encontra muitos desafios, a perseverança é o verdadeiro ouro para os nordestinos e para todo o Brasil.