Todo mundo fala do pão, mas ninguém fala do padeiro
Muito se fala do pão. Se ele faz mal, se ele engorda… Mas pouco se fala do profissional que realiza o seu preparo.
Reflexões de um profissional da panificação.
Por Gabriel Santos (@gabrielferbaker)
Muito se fala sobre o pão nosso de cada dia, mas pouco se fala sobre quem faz o pão. Hoje, 08 de julho, Dia do Panificafor, eu, Gabriel, um jovem de 21 anos, estudante de Engenharia de Alimentos, e profissional na área de panificação desde os meus 17 anos de idade, vim dizer para vocês que – atrás de um alimento tão maravilhoso que é o pão – há pessoas, técnicas, maquinários e muito, mais muito esforço e dedicação envolvidos.
Ser padeiro envolve muito esforço físico, mas também intelectual. Entender o que está dando errado em uma massa, o porquê dela não crescer ou até mesmo o porquê da sua demora em fermentar é uma arte que poucas pessoas fazem.
Estar sempre colocando à frente a demanda da sua produção é abrir mão de estar com a sua família ou em um momento de lazer. É ultrapassar sempre as 44 horas semanais que você precisa se dedicar à função. Ser padeiro é sempre entregar tudo de forma rápida e bem feita.
Em suma, na maioria das vezes é acordar cedo e sair tarde, é escutar o barulho do forno apitando mesmo estando em casa. Ser padeiro é pensar na frente, pensar na organização e na esquematização do dia seguinte.
É trabalhar com o que gosta apesar de tudo, é encontrar sentido em cada fornada que está pronta, ser padeiro é reconhecer, aprender e se aperfeiçoar a cada erro. Trabalhar com a panificação é encontrar graça nas pequenas coisas, seja no alvéolo do pão que está perfeito, ou no seu recheio que está no ponto ideal.
Muito se fala do pão. Se ele faz mal, se ele engorda… Mas pouco se fala do profissional que realiza o seu preparo, e é falado menos ainda desse mercado de trabalho que é sofrido e muitas das vezes não é valorizado da forma que deveria. Os aumentos anuais de salário por parte do sindicato de panificação são ridículos, reajustes que na maioria das vezes não passam nem de R$10. Milhares de padeiros trabalham de forma precária, sem condições adequadas e até mesmo sem a utilização de equipamento e roupa adequada, e pouco se é fiscalizado na área.
Finalizo esse texto com um sentimento que é uma mistura de revolta pela desvalorização da profissão e gratidão por poder atuar numa área tão bonita e que faz muito sentido na minha vida. Feliz dia do panificador para todos nós, amantes da panificação, que encontram sentido no que fazem.