Redemption Song: o último reggae de Pryce
Conheça Shelly-Ann Fraser Pryce antes que ela se torne a maior atleta olímpica jamaicana
Por Paulo Henrique Soares
Uma das primeiras lembranças quando se fala em Jamaica são as letras e canções de Bob Marley. Potente ícone do reggae, a lenda morreu há quatro décadas. Seus hinos de luta e paz entre os povos até hoje são escutados em todos os cantos do planeta e popularizaram a cultura da terceira maior ilha do Caribe mundialmente.
Entretanto, com o passar dos anos, outros grandes nomes jamaicanos passaram a despontar no cenário internacional. Com um investimento forte nas categorias de base, o Atletismo tornou-se o esporte número um do país de quase 3 milhões de habitantes.
Usain Bolt, Asafa Powell, Yohan Blake, Veronica Campbell-Brown e Shelly-Ann Fraser Pryce são alguns dos nomes de maior sucesso surgido no celeiro do atletismo jamaicano. Após resultados expressivos nas Olimpíadas de 2008, 2012 e 2016, esses nomes passaram a ser conhecidos no imaginário de qualquer fã de velocidade do atletismo.
O míssil feminino
Se todo menino jamaicano tem o sonho olímpico de se tornar o novo Usain Bolt, as meninas da ilha caribenha também têm uma grande inspiração nas pistas que atende pelo nome de Shelly-Ann Fraser Pryce.
Shelly-Ann Fraser Pryce nasceu em Kingston, capital jamaicana, no fim da década de 1980. Passou a sua infância em um dos bairros mais violentos da cidade e correu, literalmente, para não ser mais uma triste estatística da comunidade do país.
Nenhuma mulher na história dos 100 metros rasos ganhou mais medalhas que a jamaicana. Ela conquistou o ouro em Pequim 2008 e Londres 2012 e embora houvesse muita expectativa que ela faturasse o tricampeonato olímpico em 2016, no Rio de Janeiro ela ficou com um modesto bronze. Seria o início do declínio de Shelly-Ann Fraser Pryce?
Quem apostava em algum declínio, errou feio. Em 2019, na Copa do Mundo de Doha, Pryce venceu os 100 metros com o tempo de 10s71 e encantou não só o país de Bob Marley como todo o mundo novamente.
Mãe dos tempos
– Estou aqui escrevendo a mesma história novamente, só que agora tenho 32 anos e sou mãe. Nem dormi na última noite de tanta ansiedade. Em 2016 também passei por isso. Apesar disso, eu estava muito forte mentalmente para a final de hoje. A caminhada foi muito difícil e só tenho a agradecer a todos que estiveram comigo – disse a jamaicana, que cruzou a linha de chegada em 10s71.
Assim a jamaicana vencia a Copa do Mundo de Doha em 2019, após retorno às pistas ao dar a luz ao seu filho Zion. Além da vitória, a agora mãe Shelly-Ann Fraser Pryce se tornou a primeira pessoa a conquistar um tetracampeonato mundial na prova mais nobre do atletismo, desbancando o seu compatriota Usain Bolt que conseguiu o tricampeonato.
Entre a encruzilhada da vida pessoal e da vida profissional assim como diversas mulheres, a velocista jamaicana superou seus limites e agora se vê preparada para carregar seu filho e a quarta medalha em um novo pódio olímpico.
Pela história de luta na infância em bairro violento e de superação mental e fisica após o nascimento do pequeno Zion que uma canção de redenção pode ecoar pelas pistas em Tóquio como já reverberava Marley.
View this post on Instagram
Texto escrito em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube