Querido Lula, por Margarida Salomão
Hoje completam-se dez dias. Dez dias desde que nós temos sido suas pernas, seus braços, sua cabeça, seu coração. Dez dias de milhões de Lulas, espalhados Brasil afora.
Brasília, 17 de abril de 2018
Hoje completam-se dez dias. Dez dias desde que nós, assumindo a missão por você confiada, temos sido suas pernas, seus braços, sua cabeça, seu coração. Dez dias de milhões de Lulas, espalhados Brasil afora.
São dez dias de acampamento, dez dias de “bom dia Lula!”, de “boa noite, Lula!”, de “Lula livre!” São dez dias de militância mostrando a sua cara, a sua força.
Em Juiz de Fora, minha cidade, é bonito ver diversas janelas, em diversos prédios, diversas ruas, exibindo cartazes de “aqui mora um Lula”.
Em Curitiba, dá orgulho ver o ânimo da moçada do acampamento. Apesar de todas as dificuldades, o pessoal dá exemplo, organizando as atividades, dividindo as tarefas, mantendo as barracas e as ruas limpas. E estamos com outros acampamentos, em Fortaleza e em Brasília.
Ontem, no Guarujá, o MTST ocupou o tal do triplex. Se a Justiça disse que é seu, nada mais justo que o povo (sem medo) ocupe, não é mesmo?
Em São Paulo, o PT realizou uma baita conferência de comunicação, também inspirada numa tarefa proposta por você. Aliás, nas redes, nossa militância tem cumprido um importantíssimo papel, furando a bolha da grande imprensa burguesa.
Domingo a Folha fez um malabarismo danado para vender a ideia de que havíamos caído nas pesquisas. Mas nossa militância é atenta e inteligente. Minutos depois de divulgado o Datafolha, já tínhamos todos os dados em mãos e já havíamos denunciado todas as inverdades divulgadas pelos jornalões.
Aliás, nossa candidatura segue de vento em popa. Sua liderança nas pesquisas é tão consistente que até em São Paulo estamos na frente. Na capital e no estado.
Segue firme e forte nosso plano L, plano Lula. O partido está mais do que nunca unido, trabalhando de modo solidário para denunciar o caráter político de sua prisão, agindo de forma dedicada para fazer com que você vá de Curitiba diretamente para Brasília, para o Planalto.
Segue firme e forte nosso plano de unificação as esquerdas, contra o fascismo, pela democracia, pela sua liberdade. O Boulos deu um verdadeiro show no sábado, em Lisboa. A Dilma já passou pela Espanha e está agora nos Estados Unidos. Logo logo a Manuela também irá fazer o mesmo. O PDT, o PSB e o PCO também têm sido grandes companheiros, sem titubear em chamar de prisão política o seu encarceramento.
Hoje completam-se dez dias, Lula. Dez dias desde aquele emocionante discurso, junto ao Sindicato dos Metalúrgicos. Dez dias desde que a gana justicialesca de Curitiba teve que se dobrar a uma narrativa que você que definiu, não eles.
Por coincidência, hoje também se completam dois anos desde que o golpe teve sucesso na Câmara. É terrível perceber o quanto sofremos de lá para cá, quantos dissabores provamos. Mas é inegável que saímos das cordas. É inegável que o abatimento de então transformou-se, já não existe mais.
Hoje ocupamos as ruas para pedir democracia. Ocupamos o carnaval para gritar “Lula presidente”. Ocupamos os muros para dizer “Lula livre”. Ocupamos as praças para questionar “quem matou Marielle?” Ocupamos as camisetas da juventude para bradar que não aprisionarão os nossos sonhos.
Estamos aproveitando até os shows do Chico para fazer campanha.
Hoje não se completam dez dias de sua prisão, querido Lula. Hoje completam-se dez dias de que somos milhões de Lulas.
Milhões de Lulas fortes e impávidos como você tem sido, em todas as ocasiões, desde que ousou desafiar a ditadura para liderar as greves nos anos 70, da qual nossa democracia foi filha.
E mais uma vez inspirados em seu exemplo, estamos prontos para, em outubro, restabelecer a democracia no país.
Até muito breve, Lula.