Jean Wyllys: Quando eu falava desses homens sórdidos
Desde o primeiro momento, quando maus perdedores começaram a defender o Impeachment, fui contra. Cegos de ódio, esqueceram de notar o precipício.
Desde o primeiro momento, quando maus perdedores começaram a defender a ideia de um impeachment como solução para os problemas do país, eu mantive uma posição objetiva, sem oscilações. Eu sempre fui contra, e não por conta de cargos ou emendas, coisas que nunca negociei em troca da minha postura como parlamentar, mas porque considerava simplesmente óbvio que o conluio por detrás daquela proposta era muito pior do que o governo que criticavam.
E paguei um preço alto pela opção enfática em um momento de baixa popularidade do governo.
Caluniadores fizeram plantão dia e noite para repetir, por exemplo, que eu deveria sair do país ou que a culpa dos desvios que se revelavam nos jornais era minha. Parte da classe média urbana, cheia de privilégios e falsos sofrimentos, se fantasiou de verde-amarelo para escolher a mim, entre tantos, como um dos seus adversários prioritários. Eles foram às ruas como se estivessem vestidos de grife para tomar a Bastilha.
Eu vos digo, agora: hipócritas!
A renovação prometida com Cunha e Temer já se revelou mesmo uma farsa. Em vez de corrigir os erros do governo Dilma – que se concentravam principalmente nas concessões a ruralistas, banqueiros e telepastores demagogos – eles só potencializaram tudo que havia de ruim e retrocederam no pouco onde tinha se avançado.
Esses homens sórdidos cortaram recursos da educação e aumentaram a verba com publicidade mentirosa. Montaram um governo que dificilmente poderia ser um retrato mais perfeito da sua própria mediocridade. Para todas as áreas, foram nomeados incompetentes cuja única qualidade era sua capacidade de convencer deputados a votar contra os interesses dos mais pobres. O desemprego de que reclamavam, aumentou. O crescimento não veio.
A tal corrupção contra a qual bradavam ao lado de patos de borracha e bonecos infláveis se transformou em pandemia.
Aconteceu como se tivessem subido as cortinas do teatro. Os personagens foram saindo aos poucos de cena, e a fétida realidade se mostrou para o público sem uma valsa anterior que a anunciasse.
Naquela cena de abril de 2016, naquela noite pobre, naquele dia em que o Brasil assistiu votos por Deus e a família, mas que representavam de fato os interesses dos bolsos, eu lhes apontei o dedo e disse o quê eram: canalhas, hipócritas, analfabetos políticos.
Os canalhas me chamaram de louco. Aliás, de louco e bicha, veado, maconheiro, comunista, petista e de muita coisa. Disseram tudo – menos a verdade!
Aquilo tudo que faziam era uma cena e suas falas anteriores tinham sido decoradas só para iludir o seu público. Eu dizia que eram homens sórdidos, embora tenha gente que tenha preferido acreditar nas suas calúnias.
E assim chegamos até aqui, à desilusão total. Levou tempo para eles perceberem que, enquanto perseguiam o papaguelas, o chão já tinha acabado sobre os seus pés. Cegos de ódio, na sua perseguição doentia, esqueceram de notar o precipício. E aí é que ficou tarde para evitar a queda.
Como não puderam ver o chão onde pisavam, eles simplesmente caíram. Atiraram-se sem pára-quedas no buraco. Temer se despede e a ilusão se desfaz. Leva consigo Aécio, Loures e toda uma gentalha falso-moralista. Agora, só mantenho a esperança de que eles se lembrem dos avisos que foram dados, e não ousem repetir as mesmas apostas.