Fotos de Mídia Ninja, Coletivo Iso314 e LuaLeca

15 mulheres marcam de ir a praia. O número por si só chama atenção. Onde vai tanta mulher junta? Porque tanta mulher junta?

Impacto número dois: são negras. Dançando entre os espectros coloristas, com miscigenações indígenas, todas negras. Olhares de curiosidade, cochichos entre os homens, alguns ambulantes param pra ver.

Impacto número três: são gordas. Gordas. Não são cheinhas, fofas, de ossos grandes. São gordas, se chamam de gordas e se abraçam gordas. Agora as pessoas já param pra olhar, apontam o dedo e gritam ofensas aleatórias. Quando param para uma pose, outras cinco ou seis câmeras aparecem e é preciso explicar a essas pessoas que nossos corpos são são públicos.

Somos só 15 mulheres negras e gordas na praia.

Tudo bem, não é qualquer praia.
É o Porto da Barra, praia turística, point do carnaval, cheia de gringos. Uma das referências de Salvador, sempre nas listas de top praias do Brasil.

A proposta começa como um ensaio desses corpos nessa praia, mas se torna intervenção. Jornalistas, transeuntes, vendedores, todes param para ver as gordas passarem.

Mesmo com os olhares de reprovação e indignação, uma coisa é fato — não é possível ignorar mulheres. Pretas. Gordas.

E daqui pra frente, vai ser sempre assim.

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