Há mais de um ano estamos debruçados junto aos nossos parceiros internacionais na preparação do Peoples For Forests. Um encontro com 90 ativistas de todo o mundo, que se propõe a pensar cura e caminhos de soluções diante das crises tão profundas que marcam nosso tempo.

Tempo, esse ser soberano, que desassossega tudo, permanentemente.

Tenho dito que o ambiente cognitivo do mundo está rebaixado.
Seja pela concentração brutal de riquezas, que pode ser constatada desde a pandemia; seja pela ação dos grupos que fazem do caos uma arma política.

O resultado é o rebaixamento dos sonhos.
A nutrição de um imaginário de impossibilidades com efeitos nefastos sobre a vida das pessoas. Basta constatar os níveis de suicídios que batem recordes no mundo, a cada 40 segundos uma vida é interrompida; ou as sociedades medicamentadas para evitar o colapso da saúde mental.

A saída segue sendo coletiva.

Assim, não há outra senão juntar gente e fazer movimentos.
Confluir redes em contraponto a todos os modelos de monoculturas.

Porque monocultura sufoca, monocultura mata.
É um modelo hegemônico e mesquinho, feito para controlar e lucrar. Sobre o peito do outro.

Há tantas experiências vivas nos territórios.
Gente que cria e respira soluções cotidianas,
Porque para eles não há alternativas senão enfrentar problemas ao sol de proposições.
E na maioria das vezes a argamassa da solução é a simplicidade.

Vivemos tempos em que é necessário evocar valores assim.
Como a serenidade necessária para olhar para dentro do furacão que nos encontramos.
Não há ansiedade e desespero que nos ajudarão a encontrar frestas nas complexidades que vivemos.
Só a calma será capaz de nos fazer navegar nesses mares revoltos.

E é isso que o People’s Fórum se pretende.
Um espaço de trocas e encontros,
com gente de luta.

Porque digo que Luta é igual a mato.

Você pode cortar, sacar, tentar tirar
Mas ele volta a crescer em liberdade
Porque é assim a dinâmica da vida.

Há esperança
Mesmo nos cenários ermos
Em que a escuridão parece tomar conta.

A esperança é uma moça teimosa
que insiste
organicamente em se renovar
Com a gente ou apesar da gente.

Só uma coisa é certa:
O mato voltará a crescer.
Com o tempo.