Para entender o neoliberalismo: a expulsão de Maria do BBB 22
O jogo da discórdia não caiu do céu. Alguém criou, certo?
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O jogo da discórdia não caiu do céu. Alguém criou, certo? Pois é. Alguém criou (ou, no mínimo, contribuiu!) as condições para que a Maria agisse daquela forma, concordamos?
Mas o que o capitalismo faz? Reduz a discussão a um único ponto, tirando a complexidade e simplificando-a, fazendo com que as pessoas fiquem debatendo se o ato foi sem querer ou não, passando despercebido, assim, a discussão sobre o sistema que possibilita tudo isso.
– Ah, mas ela é maior de idade e tem livre arbítrio.
Ora vejam bem, mas a quem (ou ao o que) interessa essa mania de individualizar tudo, colocando a responsabilidade sempre (e exclusivamente) no indivíduo? Ao capitalismo, oras.
Vejam: não se trata de isentar a Maria de responsabilidade, mas sim de perceber que há uma estrutura que merece ser criticada, passando despercebida, afinal: o que esperar de um jogo da discórdia naquelas condições? Que houvesse discórdia, pois não? Entretenimento ou entre(ter-o-lucro)?
Não vou entrar no debate sobre se devemos assistir ou não ao BBB, porque a maioria das pessoas que fazem esse tipo de crítica, pelo que vejo, está muito mais preocupada em provar uma superioridade do que qualquer outra coisa. Meu ponto é: vocês estão falando que a Maria deve sair e refletir as posturas dela. Blz, ok! Mas… e as críticas ao sistema que lucra com a criação de discórdia e ódio?
Que continue o BBB, mas com limites, não? Ou será que vamos normalizar a humilhação em face de uma mulher negra, em rede nacional, tornar-se produto para ser consumido? Onde fica a responsabilidade das pessoas que lucram com isso? E do sistema que possibilita tudo isso?